Opinião

Andanças capitais por Avaré

‘As chuvas fizeram o plantio de cereais iniciar. Coisa linda’, escreve Rui Daher

Crédito: iStockphoto Crédito: iStockphoto
Apoie Siga-nos no

Aos poucos, depois de entrevistar o coronavírus no Blog Rui Daher, do GGN, começo a voltar feliz às Andanças Capitais. Por óbvio, todas as precauções. Sou altíssimo risco. Principalmente, para quem não concorda com minhas posições políticas. Brinco.

Não reparem, mas ainda não estou disciplinado para manter um dia certo para publicação da coluna. A não ser em caso de traição ditatorial, editorial ou revanche bolsonarista, pelo menos, uma vez por semana aqui estarei os incomodando.

Como? Antipatia com a direita, descrença nas autoridades constituídas, principalmente aquelas que tomaram o poder por falso impeachment, verdadeiro golpe de Estado cometido por um arranjo Lava-Jato (Moro-TRF/4, Rede Globo, improbo Congresso Nacional). Querem mais? Acrescentem aí a mídia impressa conservadora de anúncios e toneladas de papel para embrulhar peixes, com o pseudônimo de “publicações obrigatórias de balanços”. Monstruosidade de desperdício de papel importado, que poucos leem.

Já que, hoje em dia, tudo se digitaliza, por que não lá? Mutreta, claro, que nunca me fará ser convidado para escrever nos jornalões impressos. Continuarão preferindo dar vez para articulistas anódinos, sem opinião própria, apenas aquelas que agradem o dono do jornal e seus sabujos editores. Tudo vira dinheiro alocado em interesses particulares.

Esclareço: escrevo sem remuneração e assim continuarei enquanto as publicações que me aceitam representarem meus ideais de sociedade menos desigual e mais justa.

Daí já ter declarado apoio e voto em Guilherme Boulos e Luiza Erundina (50) contra a escória que saiu dos esgotos paulistanos.

Estou em Avaré, no rico sudeste paulista, a trabalho. Falar e ouvir quem está no campo. Apontam minhas Andanças Capitais que as chuvas fizeram o plantio de cereais iniciar. Coisa linda. Daqui até Boituva, Pardinho, Assis, Ourinhos, a lida no campo é intensa. E o feijão-soja crescente.

Não é a primeira vez, neste malfadado ano 2020, de vírus e vermes, que afirmo isso. Teremos uma grande safra com alta rentabilidade para os mais privilegiados, aqueles “vistos assim do alto”. As condições oferecidas fizeram crescer a procura por crédito rural, sempre, olhando através da lupa, em proporção maior do que para a agricultura familiar.

O uso de tecnologias menos químicas e tóxicas parece evoluir na medida que leve conscientização vai chegando às mentes e aos bolsos agrícolas. Tratamentos organominerais e biológicos não são mais tabus. Os agricultores, depois de anos de experimentos com produtos menos agressivos ao meio ambiente, mais baratos e de eficácia comprovada começam a entender a terceira onda, que chegou, há apenas cerca de 20 anos, após a era exclusiva dos macros e micronutrientes. Orgânicos, meus leitores, são o novo caminho.

Não esperem ouvir isso de um RTV (representante técnico de vendas), agrônomo ou não, de qualquer fabricante de fertilizantes químicos ou de agrotóxicos (venenos como amiúde se diz).

Ouçam, aconselhem-se, com aqueles que trabalham em pequenas e médias empresas, a favor de conceitos poupadores de custos e vetores do aumento da produtividade.

Saiam dessa inércia tradicionalista que promove a utopia da maior produção sem olhar para o custo de obtê-la.

Inté!

ENTENDA MAIS SOBRE: , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Os Brasis divididos pelo bolsonarismo vivem, pensam e se informam em universos paralelos. A vitória de Lula nos dá, finalmente, perspectivas de retomada da vida em um país minimamente normal. Essa reconstrução, porém, será difícil e demorada. E seu apoio, leitor, é ainda mais fundamental.

Portanto, se você é daqueles brasileiros que ainda valorizam e acreditam no bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.

Quero apoiar