Augusto Diniz

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Jornalista há 25 anos, com passagem em diversas editorias. Foi produtor musical e escreve sobre música desde 2014.

Opinião

Álbum póstumo de Riachão terá grandes artistas, mas só sairá em 2021

O sambista morreu em março deste ano, antes de colocar voz no trabalho

Créditos: Carol Garcia/SecultBA
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Riachão queria alcançar um século de vida. Era o que o título do projeto do oitavo álbum da carreira do sambista baiano avisava, com o nome sugestivo de Se Deus Quiser Vou Chegar aos 100.

Não deu tempo. O sambista baiano morreu aos 98 anos no último dia 30 de março, em Salvador, de causas naturais, segundo a a família.

O músico é autor de clássicos, como Cada Macaco no Seu Galho e Vá Morar com o Diabo, gravado por vários artistas. O sambista usou a música para representar sua vida simples de forma irreverente.

De letras simplórias, mas de sentimentos verdadeiros, as composições de Riachão têm ritmo próximo do coco, da dança de roda, e exalta a musicalidade da Bahia, além das origens do músico, nascido no bairro histórico do Garcia na capital baiana, onde permaneceu por toda vida.

Suas músicas, como Meu Patrão, Judas Traidor, Eu Também Quero, Retrato da Bahia e Pitada de Tabaco, chamava a atenção desde a década de 1950, primeiro de Jackson do Pandeiro e, depois, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Cássia Eller, entre outros, que acabaram o gravando.

Riachão deixou muitos sambas, mas poucos álbuns solos (o último saiu em 2013), talvez pela dificuldade de se firmar dentro de um padrão de mercado, com seu sotaque musical quase ancestral e singelo.

Em março de 2018 ele lançou trabalho junto com dois outros sambistas baianos: Guiga de Ogum e Edil Pacheco. O idealizador desse projeto, o músico Paulinho Timor, vinha fazendo shows com Riachão nos últimos anos e estava dirigindo o álbum solo do baiano, que exaltaria seus 100 anos. De acordo com Timor, após a morte de Riachão, o projeto entrou em fase de readequação.

O álbum terá 10 faixas, com músicas inéditas de Riachão, sem parceria (“Eu e Deus”, como dizia) e talvez duas regravações.

“O disco estava em processo de escolha de repertório. A gente ia colocar a voz-guia dele, mas a pandemia começou e tivemos que adiar. Temos algumas músicas gravadas com a voz dele e talvez consigamos usar, mas devemos chamar grandes artistas para participar do álbum já que não vamos ter o Riachão em todas as faixas”.

De acordo com Paulinho Timor, Caetano Veloso, Gilberto Gil e Martinho da Vila já se interessaram em cantar no projeto. Mas o álbum só deve sair ano que vem por causa da pandemia do novo coronavírus.

O projeto, patrocinado pelo programa Natura Musical, envolve ainda a disponibilização do acervo de Riachão em formato digital.

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