Opinião

Agora, Lula é o ‘Nine’

Para que não digam que somente lanço má vontade contra a nação bolsomínica, fiquei perplexo com este exercício de leveza e graça

Foto: Luis ROBAYO/AFP
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O novo presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, em menos de um mês de mandato, fez mais, pela boa imagem interna e externa do país, do que o fez seu antecessor, Jair Messias Bolsonaro, nos quatro anos em que presidiu o Brasil. 

Se durante seu governo esmerou-se na tarefa genocida, ao apagar das luzes de sua investidura, destruiu seus dois (?) pés, tantos os tiros que deu neles e nos de seus correligionários.

Sinto. Gostaria que ele pudesse andar mais longe para assistir à custosa reconstrução que a nós caberá fazer. Lógico que ele e seus abestados apoiadores não admitirão nosso sucesso. Através de primárias e indébitas apropriações o farão seu. 

Tiros nos pés: o não reconhecimento do resultado das eleições (só para presidente?); a fuga para a Flórida fazendo uso de recursos públicos; o não reconhecimento imediato da derrota e a não passagem da faixa presidencial; os constantes apelos nas redes sociais anunciando o golpe com apoio das Forças Armadas; a invasão de Brasília por meliantes de vários escalões de analfabetos políticos; a derrota diante dos valores democráticos.

A tudo isso se contrapôs a coreografia da posse, dos podres descobertos durante a transição, a diversidade do ministério escolhido, e das primeiras atitudes de Lula, inclusive no exterior. Alegria, cores, simbologia do nacional verdadeiro. 

Aliás, o único sinal de equilíbrio que percebo no Regente Insano Primeiro (RIP) é sua concepção sobre o povo quilombola – inférteis medidos em arrobas – e a nação dos indígenas yanomamis – desnutridos ao raquitismo. Na média, seria bom, não fossem eles atuais e futuros defuntos.  

Mas vamos ao humor que, como os leitores sabem, sem ele este colunista não sobrevive. 

Seja pelo espírito alegre, seja pelo que a língua portuguesa propicia, enriquecida por malaguetas brasileiras, sempre tivemos ótimos criadores de peças humorísticas. 

Desde o Barão de Itararé, Lima Barreto, PRK-30, “A Praça é Nossa”, Max Nunes, Golias, Jô, Chico Anysio, o pessoal de “O Pasquim” até, hoje em dia, Marcelo Adnet e “Porta dos Fundos”. O humor requer inteligência, o que falta a RIP e acólitos.

Para que não digam que somente lanço má vontade contra a nação bolsomínica, fiquei perplexo com o exercício de leveza e graça com que eles, nas redes sociais passaram a se dirigir ao atual presidente da República: “Nine”.

Já foi presidiário, ladrão, gatuno, cachaceiro, tantas ofensas. Agora Lula é o “Nine”, alusão ao fato de o presidente ter perdido um dedo quando trabalhava na indústria automobilística, como torneiro-mecânico.    

Teriam seus súditos abandonado o vernáculo lusófono para o anglo-saxônico, embora não dominem nenhum dos dois? Talvez, o exterminador de indígenas, singelamente, faça-os pensarem-no um John Wayne, ou morando em um condomínio na Flórida, Kissimmee, indique senha para que lá acorram para enchê-lo de beijos.

No fim, confesso à Natureza-Deus que pequei e a ela peço perdão. Quando a TV me mostrou aquela senhora gorda, em Brasília, vestido largo e esvoaçante, tentando desvencilhar seus panos das grades que protegem o Palácio do Planalto, passei a gargalhar.

Desculpe-me. Juro não rir mais. Mas a senhora foi “Ten”. 

Este texto não representa, necessariamente, a opinião de CartaCapital.

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