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Acelera e breca

A venda de carros cresce no ano, mas cai em agosto

Acelera e breca
Acelera e breca
Crédito impulsiona venda de carros. Foto: Anderson Gores/AE
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O mercado automotivo brasileiro fechou o mês de agosto em queda. Os dados são da Federação Nacional da Distribuição de Veí­culos Automotores. No período foram emplacados 172,8 mil automóveis e 42,2 mil veículos leves. O total foi de 214.490 e é 3,9% inferior aos números do mesmo período de 2024, e 6,74% menor em relação a julho. No comparativo anual, o crescimento foi de 3,17%, com 1.576.106 unidades vendidas.

As marcas mais comercializadas foram, em ordem, VW, Fiat, GM, ­Hyundai, Toyota e BYD. A montadora chinesa continua firme em sua atuação nacional e superou Jeep, Renault e Honda. O crescimento tem sido persistente pelas ações comerciais agressivas e a inauguração de revendas, um dos focos da BYD. Outra chinesa também vem acelerando forte. A GWM cresceu mais de 50% em relação ao ano anterior e tornou-se uma das 12 maiores, à frente de Citroën, Ford e BMW.

Brasil elétrico

O Brasil teve algumas investidas de marcas nacionais de veículos. A mais emblemática foi a Gurgel, que, com seus modelos com carrocerias de fibra de vidro, despertou paixões entre as décadas de 1970 e 1980. A empresa faliu em 1994. Poucos se lembram que a Gurgel foi a pioneira em veículos elétricos, com o Itaipu, lançado em 1974. Agora os olhos estão voltados para a Lecar.

Fundada em 2022 por Flávio Figueiredo, o foco foi muito claro desde o começo: criar uma marca brasileira para disputar o mercado de elétricos. De olho nas oportunidades, a empresa criou híbridos flex, aproveitando a disponibilidade de etanol no Brasil. Agora ela quer ir mais longe e assumir a antiga fábrica da Caoa Chery. A unidade industrial, em Jacareí, interior de São Paulo, está parada desde 2022 e a prefeitura da cidade demonstrou intenção de leiloar as instalações. A Lecar prevê investimentos de 600 milhões de reais, com parte do dinheiro vinda do programa InvestSP, do governo estadual. A expectativa é produzir no local os modelos ­Coupé 459 e Campo, picape de cabine dupla.

No reino da Dinamarca

A Novo Nordisk mudou os parâmetros globais de tratamento da diabetes tipo 2 e da obesidade. Seus produtos Ozempic e Wegowy são responsáveis por popularizar um mercado bilionário de emagrecimento, com impactos na indústria de alimentação e no consumo de bebidas alcoó­licas. Agora, a empresa conseguiu mais um feito, emagrecer o PIB da Dinamarca.

O país reduziu sua previsão de crescimento de 3% para 1,4%. Em 2024, a expansão havia sido de 3,7%, influenciada pela farmacêutica. A previsão no início do ano, divulgada pela direção da Novo ­Nordisk, era de crescimento das vendas, com potencial de chegar a 24%. Hoje, os planos indicam que ela poderá crescer 13% no máximo. As razões para o freio foram as tarifas de exportação e a concorrência.

Se a empresa está com problemas em seu país, por aqui as coisas também não são simples. Recentemente, a EMS, gigante brasileira de genéricos, lançou uma linha de canetas à base de liraglutida, composto utilizado pelo medicamento Saxenda, da Novo Nordisk. A produção começou após o fim da patente da substância. A companhia ­dinamarquesa conseguiu recentemente na Justiça a permanência da patente. Em 6 de setembro, a EMS obteve, no entanto, uma liminar para manter a produção e a comercialização de seus produtos.

Fogão plug-in

Uma startup norte-americana conseguiu levantar 28 milhões de dólares com uma ideia muito simples: fogões plug-in. A ­Copper instalou no eletrodoméstico baterias de 5 watts carregadas em qualquer tomada caseira de 120 volts. Com design simpático, quatro bocas e forno que chega a 288 graus Celsius, os preços variam de 6 mil a 7,3 mil dólares, se o consumidor quiser o produto com cores especiais e botões de madeira. O tom de modernidade vem de um visor digital de temperatura no painel.

As vendas ainda são pequenas, mas, com esse aporte, a empresa, que tem pouco mais de seis anos e vendeu apenas mil unidades, se prepara para chegar no próximo ano a 10 mil fogões plug-in comercializados. O apelo é de que o produto não exige nenhum tipo de alteração na rede elétrica no momento de instalação. As baterias utilizadas são semelhantes às dos veículos elétricos.

Hero nas barras

A suíça Hero, dona da marca de geleia Queensberry, anunciou a compra da Super Saúde Nutricional, fabricante de barras de castanhas proteicas e snacks. Com a aquisição, a marca Pinati passará a fazer parte do portfólio da empresa, que tem previsão de crescer 50% no próximo período. A expectativa é de que a sinergia comercial amplie o negócio. O fundador da Super Saúde, Waldemiro Pinati, manterá participação minoritária na companhia e permanecerá no cargo de CEO. •

Publicado na edição n° 1379 de CartaCapital, em 17 de setembro de 2025.

Este texto aparece na edição impressa de CartaCapital sob o título ‘Acelera e breca’

Este texto não representa, necessariamente, a opinião de CartaCapital.

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