Opinião

A verdadeira face da Agrishow

O Agrishow não é nada além do que um evento propagandístico de grandes monopólios ou oligopólios do setor agropecuário brasileiro

Joel Silva/Folhapress
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Vamos começar pelas pretensões, consolidação e frêmitos terminais. Feira, exposição, show, festa, programa de auditório, o que for. Como sal a gosto na comida. Ou como Deus fez a mandioca, de qualquer jeito. 

O introdutório pode durar uma década, o ofertório algumas mais do mesmo, a consagração mesmo se perenizar com a aquisição de novos acólitos, mas a comunhão do Corpo de Cristo a poucos chegará.

Então, Ite missa est.

Para valer e a todos recolher, precisaria ser antecipada, como quis Jesus Cristo, em luta de dor, sangue, contra os poderes estabelecidos que, até hoje em dia, afugentassem que as revoluções transformadoras chegassem a todos. Não era essa mesmo a missão por que Cristo foi crucificado e morto? 

Como no Agrishow de Ribeirão Preto, mais evidente o deste ano (2023), quando um cavaleiro demoníaco e impertinente, voltando da Disneylândia, EUA, para onde fugira de suas obrigações constitucionais, não reconhecendo o resultado das urnas, promovendo golpes de vândalos mequetrefes, no dia de oito de janeiro, baleado pelas próprias Forças Armadas, que preferiram se fazer de quem não estava entendendo nada, falsificando vacinas para fugir de leis do exterior, apropriando-se de joias oferecidas pela Arábia Saudita ao patrimônio da União.

O que pretendia o insano em sua cavalgada em território que se pretendia sério? 

Fazer os ricos mais soja e os pobres mais feijão? As estatísticas do setor mostram que nem isso. O Agrishow não é nada além do que um evento propagandístico de grandes monopólios ou oligopólios do setor agropecuário brasileiro para aumentar a exportação de commodities e negar a agricultura familiar, que deveria ter acesso a terras agricultáveis, insumos orgânicos, minerais e químicos (dependendo da cultura, dosagens e subsídios aos preços externos e câmbio, já que não há mais produção nacional suficiente, depois da privatização colorida). 

As origens do evento

Na década de 1970, empresários do setor agropecuário, sobretudo de insumos como sementes, adubos químicos, tóxicos (inseticidas, fungicidas, bactericidas, “cidas” de humanos e do meio ambiente), máquinas e implementos agrícolas, rações animais e sais minerais, aproveitando-se de suas visitas aos EUA, sejam lá para o que fossem elas, até jogatinas e sexo pago em Vegas. 

Na volta ao Brasil, indignavam-se o país ter cada vez maior expressão no cenário agropecuário, importante ator no futuro da alimentação mundial, mas no país isso ser pouco a ser noticiado e valorizado.

Ao mesmo tempo, apesar da tardia predominância da monocultura, determinada por ciclos agropecuários, logo declinantes, sobretudo nas regiões Sul e Sudeste, bons técnicos e agrônomos saíam das universidades sem qualquer oportunidade de trabalho formal e bem remunerado.

Empresários de boa visão passaram a contratá-los como assessores (poucos) ou como vendedores (a maioria). Estes foram os verdadeiros difusores das tecnologias que se tornavam disponíveis na época. Heróis, que abriram a mão de seus longos anos de estudo, professores e pesquisadores abnegados, decidiram topar abrir porteiras de fazendas para ensinar caboclos, campesinos, sertanejos e tabaréus, a usarem as inovações tecnológicas que aprenderam nas escolas. O retorno deles? Comissões sobre vendas que garantiriam suas sobrevivências e o futuro de seus patrões, suas empresas, e o sobrenome atual do Brasil, de “celeiro mundial”. 

Inovações, a bem da verdade, disponibilizadas apenas por órgãos governamentais da ditadura militar, na abertura de fronteiras para o Centro-Oeste e Norte-Nordeste, considerados bens e males daí advindos.

Fiz aí minha carreira profissional por 40 anos, depois de frequentar a EAESP-FGV e, ao mesmo tempo, empregado da grande indústria de fertilizantes. Muito me orgulho, sei de seus benefícios, mas também de suas falácias, que hoje em dia não preciso mais esconder. Escrevo diletante, pois a verdade e a finitude me fazem viver.

Durante esse período, diversas vezes tive de visitar ao Agrishow, de Ribeirão Preto (SP). Carai, veios! Puta coisa chata. Ridículo, hoje em dia, estar criando controvérsia por causa da presença do INSANO REGENTE, fujão de suas obrigações republicanas, em Miami, fã de motocicletas, farsante de cavalgadas, invadindo o festim, e de lá, afastando o atual poder incumbente, na minha opinião, covarde.

Não era lá o local para um falsificador de atestados vacinais, que, por suas convicções e inépcia, facilitaram o luto de 700 mil famílias brasileiras, ali rumar para fazer publicidade para ele e sua quadrilha. 

Agrishow é um evento feito para a mídia corporativa que, mesmo nela, não dura mais que, sei lá, quatro dias, para garotos brincarem de recolher folhetos que, em casa, logo jogados fora. Nos stands ou gramados onde se estendem equipamentos, longos gafanhotos que o farão sentir-se na NASA.

Não acreditem quando a mídia corporativa disser: “este ano, o Agrishow faturou 17,53% a mais do que no ano passado”. Menor noção, mentira. As negociações e escolhas vão ocorrendo ao longo do banco, financiamentos, pesquisas e NUNCA são fechados naquela porra! 

Visitá-la: 400 km de São Paulo ou mais, se for interiorano e não convidado por alguma agência patronal, ingresso mais caro do que para assistir a qualquer show de novos sertanejos. Merda, pois!

       

Este texto não representa, necessariamente, a opinião de CartaCapital.

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