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A roupa nova da Kodak

A marca popular da fotografia aposta na moda

A roupa nova da Kodak
A roupa nova da Kodak
Kodak vira streetwear no mercado sul-coreano. Foto: Reprodução/Kodak
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A Kodak é frequentemente citada como exemplo de empresa superada pelas novas tecnologias. Líder mundial em filmes fotográficos e câmeras analógicas, a marca perdeu relevância ao subestimar o impacto da digitalização e da chegada dos celulares com câmera. Mas agora tenta um novo fôlego à frente das lentes.

Com seu icônico fundo amarelo-alaranjado, a marca ainda desperta nostalgia e conexão emocional. Isso foi percebido e agora os consumidores podem vestir camisetas, casacos, bolsas, bonés e uma variedade de produtos com a estampa Kodak. O fenômeno é mais forte fora dos Estados Unidos, com destaque para a Coreia do Sul, onde lojas viraram pontos “instagramáveis”, como adoram dizer os jovens influenciadores.

Atualmente, 44 empresas são licenciadas para utilizar a marca. No Brasil, os produtos de streetwear da Kodak podem ser encontrados em grandes varejistas: camisetas a partir de 39 reais e casacos por até 239 reais. Também há mochilas, sandálias, lentes para óculos, câmeras instantâneas e até pilhas e baterias em diversas partes do mundo.

O licenciamento virou um respiro para a Kodak, que ainda concentra sua receita em produtos de impressão. Em 2024, a empresa faturou cerca de 1 bilhão de dólares, muito distante dos 19 bilhões anuais da década de 1990. Ainda assim, o valor residual da marca pode ser uma base sólida para novos negócios. O setor de licenciamento global movimenta perto de 320 bilhões de dólares, dos quais a Kodak representa, aproximadamente, 20 milhões.

Como ensina o marketing, a disputa das marcas é travada na mente dos consumidores. E o valor simbólico da Kodak ainda é poderoso. Há dois anos, a companhia venceu o prêmio de Melhor Marca no Licensing International Excellence Awards, um dos mais prestigiados do setor. Em 2024, também foi premiada por parcerias com a marca Hilight e com a grife de streetwear HUF. Resta saber se, desta vez, a Kodak conseguirá focar na história que o mercado está contando.

Robotáxis

A Volkswagen testa na Alemanha seu modelo de veículos totalmente autônomos. Batizado de ID.Buzz AV, o projeto é uma associação entre a montadora e a Mobileve, empresa de direção autônoma cujo sócio majoritário é a Intel. Em junho, houve o anúncio de que o veículo está em produção regular. O foco da nova operação é atender ao mercado corporativo e empresas de transporte.

Veículos autônomos de transporte operam há mais de cinco anos nos EUA. Chamados de robotáxis, são vistos com frequência nos grandes centros e começam a fazer parte da paisagem. A ­Waymo, da Alphabet, realiza mais de 250 mil viagens por semana. A VW deve chegar ao mercado norte-americano no próximo ano. Para enfrentar a concorrência, fechou um acordo com a Uber.

Vai dar ré?

O IPI Verde e o Projeto Carro Sustentável, iniciativas previstas no MOVER, voltados para estimular a indústria automobilística nacional, são aguardados com muito interesse pelas montadoras. Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores, o setor cresceu 4,8% no primeiro semestre e atingiu 1,19 milhão de veículos comercializados. O mês de junho registrou, porém, retração de 0,6% em comparação com o mesmo mês do ano passado. O futuro, de acordo com a entidade, é preocupante.

A apreensão do setor tem fundamento nos dados mais recentes: as vendas em junho foram 5,7% menores do que em maio. E o futuro preocupa com os juros básicos em 15%. De acordo com o presidente da Anfavea, Igor Calvet, as taxas de financiamento de veículos estão em 27,6% para pessoas físicas e 19,3% para jurídicas.

Outro fator de alerta é o crescimento das importações, que passaram de 17,7% para 19,1% em um ano. O foco está nos veí­culos chineses, que perdem em volume apenas para os carros importados da Argentina, embora, nesse último caso, a importação seja feita pelas próprias montadoras. Segundo a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores, os carros eletrificados representam cerca de 10% do mercado nacional, com os chineses a liderar o segmento com folga.

Multas

A Shopee foi considerada culpada por promover descontos enganosos em seu site francês e recebeu multa de 40 milhões de euros (cerca de 250 milhões de reais). Apesar do valor expressivo, ainda é pequeno comparado à punição aplicada à Apple: 500 milhões de euros (perto de 3,2 bilhões de reais), imposta pela Comissão Europeia. A fabricante norte-americana foi acusada de impedir consumidores de acessarem aplicativos comercializados fora de sua própria loja virtual. A empresa informou que pretende recorrer contra uma decisão que considera exagerada. •

Publicado na edição n° 1370 de CartaCapital, em 16 de julho de 2025.

Este texto aparece na edição impressa de CartaCapital sob o título ‘A roupa nova da Kodak’

Este texto não representa, necessariamente, a opinião de CartaCapital.

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