A mídia e suas liberdades

Lembro Paul Virilio: os meios de comunicação são o único poder com a prerrogativa de editar suas próprias leis e sustentar a pretensão de não se submeter a nenhuma outra

O candidato do Novo à Presidência em 2022, Luiz Felipe D'Ávila. Foto: Reprodução/TV Globo

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Leio no Jornal de Brasília: o empresário Luiz Felipe D’Avila, político do partido Novo, admitiu em um podcast gravado dois meses atrás que ele, André Esteves, Rubens Ometto e Abilio Diniz, sogro de D’Avila, buscam meios para comprar o jornal O Estado de S. Paulo, o Estadão. A ideia do grupo bilionário seria “juntar todo mundo”: Estadão, revista Oeste, Brasil Paralelo, Jovem Pan, em um grupo nos moldes daquele comandado por Rupert Murdoch. A ideia seria combater “este governo perverso”, falando do PT.

Tempos atrás, o filósofo Jürgen ­Habermas escreveu nas páginas do jornal alemão Die Zeit um artigo que assustou os leitores com o título “O quarto poder corre perigo?” Tratava-se da notícia alarmante de que o Süddeutsche Zeitung rumava para um futuro econômico de incertezas.

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5 comentários

ALBENIO LEONARDO 3 de dezembro de 2023 19h21
A grande mídia bancada por empresários que buscam os seus próprios interesses mostra quão atento nós cidadãos devemos ficar a fim de evitar ser coagidos a ações que no final beneficie esta casta privilegiada. Como exemplo, vemos pessoas defenderem a privatização de setores estratégicos para o Brasil com uma ilusão de que o privado é melhor que o público ou o privado é mais eficiente. O jornalismo independente e sem estas censuras e manipulações empresariais, ao meu ver, contribui para uma população bem informada e consciente de seu lugar na sociedade.
CESAR AUGUSTO HULSENDEGER 4 de dezembro de 2023 11h34
Lembro que, nos meus tempos de estudante de jornalismo na PUCRS, éraensinados a desconfiar do Estado - então vivíamos os espamos fúnebres da ditadura e episódios como o Riocentro - e ninguém falava do perigo da privatda mídia, que estava começando. Ainda existiam Jornal do Brasil e Tv Tupi, mas os meios foram-se concentrando nas mãos de empresários ou de igrejas. E ninguém se deu conta do perigo.
CESAR AUGUSTO HULSENDEGER 4 de dezembro de 2023 11h34
Em tempo: éramos ensinados
CESAR AUGUSTO HULSENDEGER 4 de dezembro de 2023 11h36
Em tempo:espasmos da ditadura e ninguém falava do perigo da privatização da mídia…
PAULO SERGIO CORDEIRO SANTOS 5 de dezembro de 2023 16h42
Vale a pena lembrar Joseph Pulitzer de que com o tempo , uma imprensa cínica, mercenária , demagógica e corrupta formará um público tão vil como ela mesma. Assim podemos deduzir com o que acontecerá com esses pretensos barões da mídia ao quererem comprar o conglomerado midiático, pois um público com esse perfil não falta para eles. A cidadania para esses senhores está em segundo ou nenhum plano e quem mais pode sofrer seria uma imprensa livre e realmente democrática. Os interesses desses senhores é a manutenção do status e a corrosão dos valores mais caros a democracia. Vemos uma mídia impressa em decadência e com figuras desse gênero no controle da informação, nossas esperanças estarão submersas .

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O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.

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