A guerra do segundo turno

Como o PT e os demais setores da esquerda e da frente ampla se comportarão? Estarão à altura do desafio?

Fotos: NELSON ALMEIDA e EVARISTO SA / AFP

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Estamos em estado de choque, leitor. Começo este artigo na noite de domingo, dia do primeiro turno. Tinha outro artigo, praticamente pronto, para publicar na segunda-feira seguinte, intitulado “O terceiro turno”, no qual fazia considerações sobre a pretensão do poder econômico-financeiro de colonizar o futuro governo Lula. Um resumo chegou a ser publicado na revista. A versão completa foi, porém, engavetada para uma ocasião mais oportuna, por motivos óbvios.

Recapitulo brevemente. Até domingo, havia dois cenários considerados possíveis – vitória de Lula, raspando, no primeiro turno, ou decisão no segundo turno, com Lula vencendo o primeiro com vantagem muito ampla. Contudo, as pesquisas erraram feio, por motivos ainda não inteiramente claros, não só na presidencial, onde subestimaram os votos para Bolsonaro, como em vários estados, destacadamente em São Paulo. A vantagem de Lula acabou significativa, porém inferior ao previsto, até mesmo em pesquisas de véspera.

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1 comentário

PAULO SERGIO CORDEIRO SANTOS 11 de outubro de 2022 16h35
O sociólogo Max Weber dizia que a dominação carismática constitui em um tipo de autoridade que é suportada graças a uma devoção afetiva por parte dos dominados. Essa dominação é de caráter especificamente além do cotidiano. A relação dominador-dominado se sustenta pela crença dos subordinados nas qualidades superiores do líder. Mas analisando as características de Lula e Bolsonaro , poderíamos indagar quais as qualidades de um Bolsonaro para os seus seguidores? Que tipo de qualidade os seus sequazes enxergam nele? Talvez uma identidade pelo modo de ser, de falar de se portar perante o poder em total dissonância com as liturgias que o cargo presidencial assim o exige. Bolsonaro é um outsider como presidente, mas também é um homem mau aproximando-se de ideias racistas, xenófobas, preconceituosas de todos os matizes. Bolsonaro é o avesso de Lula, que é um humanista nato. O carisma de Lula encontra-se justamente na sua generosidade e no seu apego a democracia. Jamais que Bolsonaro passaria 580 dias numa prisão, sabendo-se inocente, o fato é que Lula sempre foi inocente, já Bolsonaro, pesa contra ele todos os crimes imagináveis e inimagináveis, seu carisma resulta dessa sua devoção a mentira, a negar o que ele realmente é perante um eleitorado que acredita não no abstrato, mas no seu próprio delírio .

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