No passado, a obesidade era atribuída aos excessos à mesa. Uma espécie de punição divina aos que se entregavam à gula, um dos sete pecados capitais. Essa visão prevaleceu até as últimas décadas do século XX. Nos anos 1960, os professores de endocrinologia na Universidade de São Paulo (USP) nos ensinavam que eram gordos aqueles que comiam muito e se movimentavam pouco, ainda que afirmassem o contrário.
O conceito estava em consonância com a tradição milenar de se atribuir ao doente a culpa de seus problemas de saúde. Na Idade Média, contrairiam hanseníase os ímpios que haviam ofendido Deus. No século XIX, teriam tuberculose os de vida devassa. Nos anos 1980, a Aids seria um castigo de Deus imposto à promiscuidade sexual.
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