Opinião

A fábula de um país que tentava se tornar grande, mas sofria com golpes

O argumento dos golpes de Estado era sempre o mesmo: a corrupção, de sorte a conquistar o apoio da opinião pública, assim manipulada pelos órgãos de desinformação

Mapa Mundi. Imagem: Ylanite Koppens/Pixabay
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“A ditadura é diabólica, vi com meus olhos…, com medo de que algo pudesse ocorrer a meus irmãos mais jovens. Foi um genocídio geracional!” – Papa Francisco

Era uma vez um país grande, ao Sul, que tentava se tornar um grande país.

Porém, todas as vezes que era bem governado, o país grande do Norte armava um golpe de Estado e no lugar colocava maus governantes que atendessem seus interesses colonialistas, sem nada se importar com o sofrimento dos habitantes do país do sul.

Para isso, o país do norte manipulava a oligarquia local, que, eternamente colonizada culturalmente, respondia feliz, em duas patas e abanando o rabo aos senhores do norte.

O argumento dos golpes de Estado era sempre o mesmo: a corrupção, de sorte a conquistar o apoio da opinião pública, assim manipulada pelos órgãos de desinformação, nas mãos de só oito famílias.

Isso ocorrera em 1945, 1954, 1964 e 2016, dentre outras datas.

Em 2016, lideraram o golpe de Estado um juiz semianalfabeto e um procurador mais fanatizado do que um pitbull enraivecido.

A nefasta dupla, treinada e comandada pelo país do norte, causou enorme prejuízo ao país do sul: arrasou sua indústria de construção civil, naval e quase liquida com a petroleira.

Anos depois, as sentenças da dupla foram anuladas, tais os despautérios que encerravam.

Entretanto, as empresas do país do sul, condenadas pela dupla de desatinados traidores, tiveram de se socorrer de uma empresa de “aconselhamento jurídico” (lobby) para poderem negociar as dívidas bilionárias que o país do norte impôs-lhes.

Quando o juiz iletrado renunciou à magistratura para posteriormente se lançar candidato, foi imediatamente contratado, com salário milionário e em dólares, pela dita companhia (da CIA, por outro lado, sempre foi servidor, assim como o presidente de extrema-direita eleito graças à prisão do candidato que liderava as intenções de voto, sempre por sentença do juiz).

Ou seja, o padrão ético e moral de ambos – juiz e empresa – veio todo à tona, como matéria sólida orgânica, a boiar sobre o lodo de suas reputações.

Pior, esse país grande do sul tinha um estado bem no extremo sul, que sofria de chuvas e enchentes torrenciais, pois a oligarquia do país era boçal e desmatava tudo o que encontrava pela frente, gerando uma bolha de ar quente que impedia a progressão das frentes da Antártida, fazendo com que se precipitassem com violência nos estados do Sul, causando enchentes, lá, e secas, no resto do país, inclusive na grande floresta, onde viviam indígenas, cujas terras eram sistematicamente espoliadas pela oligarquia criola, há 500 anos.

Esse quadro foi se agravando e, em 2024, ocorreu uma enchente devastadora naquele estado do sul.

A própria capital foi arrasada, pela incúria do governador Danoninho e do prefeito Melou.

Centenas de pessoas mortas, milhares de desabrigados e desalojados, prejuízos materiais de bilhões de dólares.

Tudo isso porque não houve manutenção do sistema de proteção contra enchentes: desde comportas que não se fechavam, inclusive pela vedação que não fora colocada, até casas de bomba não vedadas e que, assim, não puderam funcionar e retirar a água.

Algo que, em um país civilizado, teria levado Danoninho e Melou à imediata destituição.

Obviamente, no país do sul não foi o que aconteceu, ao contrário.

Dessa forma, os insidiosos, ao invés de terem a hombridade de renunciar, por serem notoriamente ineptos, resolveram contratar empresas de consultoria…do país do norte…

Dulcis in fundo“, Melou contratou justamente o escritório que teve mais de 80% de seus ganhos provenientes das empresas do país do sul, condenadas pelo juiz que passaria a ser seu funcionário.

O que esperar daquela consultora?

Por que não recorreram à enorme capacidade instalada na prefeitura, no governo do estado, nas instituições de ensino e pesquisa, com que aquele estado conta, as quais estão entre as mais capacitadas do mundo?

Julguem por si o leitor e a leitora desta fábula (cuja semelhança com pessoas e animais vivos ou mortos é mera coincidência).

Este texto não representa, necessariamente, a opinião de CartaCapital.

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