Boaventura de Sousa Santos

Doutor em Sociologia do Direito pela Universidade de Yale e Professor Catedrático Jubilado da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra. Diretor do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra e Coordenador Científico do Observatório Permanente da Justiça Portuguesa.

Opinião

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A Doutrina Monroe revivida

Uma nova onda progressista parece se formar na América Latina. Resta saber a reação do Tio Sam

Imagem: Biblioteca do Congresso dos EUA
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Desde a sua independência do colonialismo europeu, os países latino-americanos têm vivido uma história de relações atribuladas, tensas e desiguais com os Estados Unidos. A Doutrina Monroe, que estabeleceu a América Latina como uma zona de influência norte-americana, data de 1823. Desde então, todos os processos de maior autonomização, política ou econômica, em relação aos EUA contaram com a oposição desse país, o que envolveu interferências e violências de todo o tipo.

O corrente século conta já com uma experiência que, embora reflita o padrão, tem alguma novidade. A primeira ­década do século assistiu à emergência de governos progressistas como resposta à devastação social causada pelo neoliberalismo nas décadas anteriores. Nenhum deles implicou um corte com o modelo de ­desenvolvimento neoliberal, mas introduziram algumas restrições com a promoção de políticas sociais, que no ­Brasil foram bastantes amplas. A novidade consistiu em que estes governos não só prosperaram durante mais de uma década como lograram criar mecanismos de integração regional muito promissores ­(Alba, Unasur, Celac), livres da tutela do big brother e, no caso do Brasil, contribuíram para a criação de formas de integração global com vocação autonomista em relação a Washington, os BRICS. Esse momento luminoso começou a entrar em crise quando os Estados Unidos deram o primeiro sinal de desagrado pelo que se estava a passar com a promoção do golpe contra o presidente eleito de ­Honduras, ­Manuel Zelaya, em 2009. A partir de então, foram muitas as interferências, passando pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff (2016), a Operação Lava Jato (2014-2021), a prisão de Lula (2017) e o golpe contra Evo Morales em 2019.

Este texto não representa, necessariamente, a opinião de CartaCapital.

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