Robert Lawrence Kuhn

Estrategista corporativo internacional e banqueiro de investimentos que aconselha corporações multinacionais em estratégias e negócios na China. É autor de 'Como os Líderes Chineses Pensam'

Opinião

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A diplomacia chinesa

O país promete apostar no multilateralismo e em um desenvolvimento benéfico a todos

A diplomacia chinesa
A diplomacia chinesa
Xi Jinping em discurso na ONU. Foto: Reprodução
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Neste momento, a China aproxima-se da proeminência na geo­política e essa transformação histórica requer base teórica sólida para a diplomacia do país desenvolver uma visão profunda sobre os assuntos globais, estratégias e grandes ideias e propostas. Como disse Xi Jinping: “A diplomacia é a expressão concentrada da vontade nacional e devemos insistir que seu poder recaia sobre o Comitê Central do partido e uma liderança centralizada e unificada”.

Assim resumo o pensamento de ­Jinping para a diplomacia.

Metas

Construir uma comunidade internacional com um futuro compartilhado para a humanidade;

Abrir o caminho de modernização ao estilo chinês para todo o planeta;

Oferecer as diretrizes de ação para o cumprimento das principais responsabilidades e obrigações internacionais, melhorando o apelo e a influência das ideias e soluções chinesas.

Princípios

A liderança partidária é a característica mais distinta da diplomacia;

Planejamento estratégico, pensamento científico, histórico e inovador, além de trabalho duro;

Valer-se do materialismo dialético e histórico para avaliar o desenvolvimento da sociedade humana;

Combinar o sonho chinês com o sonho do mundo, o desenvolvimento da China com o desenvolvimento do mundo;

Usar a sabedoria e a força chinesas para reformar o sistema de governança global;

Opor-se ao unilateralismo e promover o multilateralismo;

Rejeitar a tese de “superioridade das civilizações” e “choque de civilizações”;

Promover igualdade, aprendizado mútuo, diálogo e tolerância;

Um país forte não precisa buscar hegemonia;

Opor-se à mentalidade da Guerra Fria;

Resistir à pregação arrogante, aprender com todas as realizações benéficas da civilização humana, defender a tolerância mútua de diferentes sistemas sociais e caminhos de desenvolvimento;

Consulta constante aos demais, contribuição conjunta e benefícios compartilhados;

Abandonar a lógica ultrapassada do “jogo de soma zero”;

Salvaguardar a dignidade do país e a segurança do  sistema;

No caso de Taiwan, Hong Kong, ­Xinjiang, Tibete e assuntos marítimos, defender os principais interesses da China e impedir qualquer tentativa de minar a soberania territorial e interferência nos assuntos internos.

Estratégias

Apostar em grandes projetos: Belt and Road Initiative, Iniciativa de Desenvolvimento Global, Iniciativa de Segurança Global;

Apoiar os organismos multilaterais, como a ONU, os BRICS e a Organização de Cooperação de Xangai;

Estabelecer novos mecanismos de cooperação internacional, como o Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura e o Banco de Desenvolvimento dos BRICS;

Firmar parcerias com mais de 110 países e organizações regionais para formar um “círculo de amigos” em todo o mundo;

Avançar nas relações bilaterais: China-Rússia, China-EUA, China-Reino Unido, China-Alemanha, China-Japão, China-Mundo Árabe, China-África, China-América Latina;

Desenvolver relações com partidos governantes de países socialistas, grandes legendas em países vizinhos e agremiações em países em desenvolvimento;

Ampliar o convite a líderes de partidos políticos estrangeiros, estudiosos de think tanks, personalidades da mídia e chefes de ONGs para visitar a China;

Compartilhar experiências na construção partidária, desenvolvimento econômico, alívio da pobreza e governança social;

Promover fóruns internacionais;

Coordenar com outros países o enfrentamento de desafios de segurança não tradicionais, como terrorismo e segurança cibernética;

Participar nas operações de manutenção da paz da ONU (a China contribui com o maior número de pacificadores);

Encorajar diplomatas chineses a se afirmar no cenário externo;

Aproveitar várias plataformas que permitam ao país levar ao mundo seus princípios diplomáticos.

Xi Jinping resume seu pensamento diplomático desta maneira: “O Partido Comunista Chinês busca a felicidade para o povo chinês e também se esforça pela causa do progresso humano. Sempre considera fazer novas e maiores contribuições para a humanidade como sua missão”. •

PUBLICADO NA EDIÇÃO Nº 1234 DE CARTACAPITAL, EM 16 DE NOVEMBRO DE 2022.

Este texto aparece na edição impressa de CartaCapital sob o título “A diplomacia chinesa”

Este texto não representa, necessariamente, a opinião de CartaCapital.

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