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A crise brasileira diante de um Parlamento anão

O Congresso virou uma engrenagem emperrada que, em vez de colaborar, se especializou em travar, distorcer e empurrar o País para trás

A crise brasileira diante de um Parlamento anão
A crise brasileira diante de um Parlamento anão
Plenário da Câmara dos Deputados durante sessão conjunta do Congresso Nacional. Foto: Jonas Pereira/Agência Senado
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O Brasil vive a antessala de uma nova crise política. Alimentada a golpes de fake news, terrorismo verbal e da velha máquina de difamação digital, que tem no WhatsApp e nos resquícios do infame gabinete do ódio os seus instrumentos mais eficazes, a oposição prepara o terreno para o caos. Não há projeto de País, há apenas o desejo insaciável de derrubar, deslegitimar, destruir.

No epicentro da crise, um Congresso Nacional que talvez nunca tenha sido tão fraco, tão medíocre, tão submisso a interesses mesquinhos. É um Parlamento desfigurado, que abriga não representantes do povo, mas uma fauna exótica composta por ex-policiais, militares saudosos da farda, pastores travestidos de legisladores e os velhos capitães do mato do capital, todos, sem exceção, mais interessados em fatias do orçamento do que no bem-estar da população.

Não se governa com base fisiológica. Lula, eleito por uma frente ampla para impedir o retrocesso autoritário, viu-se obrigado a montar um ministério de convivência forçada, quase um zoológico político. Ninguém de bom senso acreditava que essa base sustentaria o governo com coerência ou compromisso republicano.

A fidelidade ali tem preço, endereço e CPF. O que move grande parte desses parlamentares é o apetite insaciável pelas verbas públicas travestidas de emendas.

Ontem foi o orçamento secreto de Lira a sustentar Bolsonaro; hoje são as emendas de bancada, distribuídas com o mesmo descontrole, sem critério, sem transparência, sem pudor.

O Parlamento virou a casa da mãe Joana, sem comando e sem vergonha. Enquanto cobra austeridade do governo, aumenta o próprio número de deputados.

Enquanto diz defender o contribuinte, sabota medidas sociais. Enquanto posa de guardião da democracia, conspira por dentro com setores que jamais aceitaram o resultado das urnas.

Mesmo cercado por uma base volúvel e um Congresso sabotador, o governo conseguiu avançar. A economia deu sinais claros de recuperação, o desemprego recuou, a renda real cresceu e o Brasil retomou seu protagonismo internacional.

Evidente que ainda há enormes desafios pela frente e ninguém sensato nega isso. Mas o caminho é de reconstrução. O entrave, no entanto, está no Parlamento. Uma engrenagem emperrada que, em vez de colaborar, se especializou em travar, distorcer e empurrar o País para trás.

A crise não é só política. É ética, institucional e moral. E talvez o pior dos nossos problemas seja ter um Congresso tão pequeno, diante de um Brasil que precisa pensar grande.

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