A China e as Forças Armadas

A construção da defesa nacional e a modernização do Exército Popular comandam a grande luta, o grande projeto, a grande causa e o grande sonho. Seu tema distintivo é atender às necessidades estratégicas de um país forte para um exército forte e transformar as Forças Armadas de modo que os militares colaborem com a rea­lização do sonho de rejuvenescimento da nação chinesa.

O pensamento de Xi Jinping sobre o fortalecimento das Forças Armadas abrange todas as áreas e aspectos da construção militar, reforma e preparação para a luta na nova era. Fornece também diretrizes e programas de ação sistematizados para todo o processo de construção e utilização de forças modernas. “Somente por meio de reforma e inovação contínuas, o exército pode ganhar constantemente vitalidade de desenvolvimento e se colocar em uma posição invencível”, afirmou o líder.

Oficialmente, o pensamento de Xi ­Jinping sobre o Fortalecimento das Forças Armadas é descrito por “Dez Esclarecimentos”, que dizem elucidar a missão, o objetivo, a alma, os fundamentos, a solidez, a organização, a chave, a força motriz e as garantias de existência de um exército forte.

Organizo essas ideias em uma estrutura sistemática de objetivos, princípios e estratégias.

 Objetivo: Construir um exército de classe mundial que garanta a segurança e a soberania nacionais, proteja a integridade territorial e forneça o apoio estratégico para realizar o grande rejuvenescimento da nação chinesa em meados do século.

Princípios: Manter a paz por meio da força.

Para ser forte, um país precisa de um exército forte.

O partido deve manter a liderança absoluta sobre os militares, e os militares devem permanecer absolutamente leais ao partido.

Os militares devem ser capazes de se preparar para guerras, lutar, conter e vencer.

A reforma é a única maneira de fortalecer os militares.

Estratégias: Aprofundar a formação política.

Desenvolver um estilo de trabalho honesto, manter a integridade e a disciplina, combater a corrupção e punir o mal.

Fortalecer a ciência e a tecnologia para a defesa nacional.

Destacar a inovação como principal motor do desenvolvimento: buscar a eficácia do combate a partir da inovação científica e tecnológica, promover a inovação na teoria militar, tecnologia, organização, gestão e cultura, incentivar os sistemas de inovação, modernização e regularização.

Enfatizar a integração militar-civil em todos os fatores: multicampo, alta eficiência e profundidade, um sistema estratégico nacional integrado.

Construir capacidades globais para proteger os cidadãos e os interesses chineses e apoiar a manutenção da paz da ONU.

Ações práticas: Reorganizar as sete regiões militares mais antigas nos cinco comandos de teatro atuais.

Integrar os vários serviços em operações militares conjuntas.

Fortalecer a Marinha, incluindo a aquisição de ao menos quatro ­porta-­aviões e muitos submarinos nucleares.

Priorizar informações e recursos de guerra baseados em Inteligência Artificial, entre eles sistemas de combate autônomos.

Remover e punir generais veteranos por corrupção, eliminando suas facções para obter lealdade absoluta.

Concentrar o treinamento militar em combate real e operações conjuntas de combate.

A China tem um plano de “três etapas” para a modernização abrangente em termos teóricos, organizacionais e desenvolvimento de armas e equipamentos de última geração, além do treinamento dos militares. Haverá um esforço para apresentar progresso significativo até 2027, ano do centenário do Exército Popular. Até meados do século, pretende-se alcançar o objetivo de se terem Forças Armadas de classe mundial, capazes de enfrentar qualquer adversário.

Diz-se que Mao Tsé-tung fez a China se levantar, Deng Xiaoping fez a China ficar rica e Xi Jinping faz a China se tornar forte. Sua visão sobre o fortalecimento das Forças Armadas é clara: suas capacidades de combate podem ser avaliadas apenas por seus resultados em combate. Espero que nunca tenhamos de descobrir. •

PUBLICADO NA EDIÇÃO Nº 1232 DE CARTACAPITAL, EM 2 DE NOVEMBRO DE 2022.

Este texto aparece na edição impressa de CartaCapital sob o título “A China e as Forças Armadas “