

Opinião
A bola a rolar
Em meio à corrida pelos primeiros lugares na tabela do Campeonato Brasileiro masculino, o Corinthians volta a sagrar-se campeão no feminino


O esporte, assim como qualquer outra atividade humana, reflete o momento que o mundo atravessa. A escalada de violência que presenciamos em nosso cotidiano está representada no encontro da Organização das Nações Unidas (ONU), nos debates das nossas eleições municipais e nas arquibancadas. As reações a esse cenário começam a surgir tanto no campo esportivo quanto na própria ONU.
A atuação brilhante do presidente Lula na Assembleia-Geral das Nações Unidas traz de volta a esperança de soerguimento da condição humana ante as aterrorizantes manifestações de violência no atacado e no varejo.
No futebol, as falas de chamamento à razão vieram do treinador mais reconhecido do futebol mundial, o italiano Carlo Ancelotti, à frente do Real Madrid – também o clube mais poderoso do momento.
Ancelotti, recentemente, disse que dará férias no meio da temporada para seus atletas. Por meio desse gesto, ele reconhece a impossibilidade de jogadores que estão entre os mais valorizados no mundo de suportar a exigência do regime de partidas. Por mais elevados que sejam os valores de seus contratos, eles, simplesmente, não têm condições de seguir nesse ritmo.
Ao mesmo tempo, os jogadores europeus começaram, através do espanhol Rodri, do Manchester City, a se manifestar sobre a situação, chegando a propor uma paralisação temporária – que significa, trocando em miúdos, fazer greve.
O que chama mais atenção é que a sinalização de greve foi apoiada por Javier Tebas, presidente de La Liga, a federação dos clubes espanhóis que estão entre os maiores do mundo.
O esporte, como sempre digo aqui, reflete as crises que atravessamos. E isso diz respeito não apenas ao futebol profissional, mas até mesmo às mais despretensiosas peladas de rua. Mas vamos agora botar a bola no chão e voltar aos gramados.
Enquanto, na Série A do Brasileirão, Palmeiras e Botafogo indicam que ficarão se perseguindo nas próximas dez rodadas, o Novorizontino assume a ponta da Série B, dando mostras da mobilidade provocada pela irregularidade dos costumeiros “bichos-papões”.
Outro clube que, nos últimos anos, vêm desenvolvendo um bom trabalho é o Mirassol. Cabe lembrar que, da mesma região de onde vem o Mirassol, já saíram outros times que se destacaram – Ponte Preta e Guarani, de Campinas, e Botafogo, de Ribeirão Preto, são apenas alguns dentre os que podem ser citados.
Pela Copa Sul-Americana, o Corinthians deu um passo à frente, eliminando o Fortaleza, que vinha se destacando por sua estabilidade e, no fim, deu uma “rateada” surpreendente. A derrota por 3 a 0 para o time paulista deixou todo mundo sem entender o que aconteceu com o tricolor cearense.
Também no futebol feminino, o Corinthians voltou a conquistar mais um campeonato. No domingo 22, ao vencer o São Paulo por 2 a 0, na Neo Química Arena, a equipe conquistou o título do Campeonato Brasileiro Feminino. Esta foi a sexta vez que a equipe feminina do Timão colocou seu nome na lista dos campeões.
Já pela Libertadores, quem se adiantou foi o River Plate, tradicional concorrente que emplacou sua brecha nesta fase decisiva do maior torneio continental.
A nota triste da semana ficou por conta da lesão do espanhol Rodri, num momento especial de sua carreira.
Aos 28 anos, o craque do Manchester City, louvado pelo seu treinador como “o melhor meio-campista do mundo”, teve uma grave lesão de ligamento que o deixará afastado por um bom tempo dos gramados.
E calhou de isso acontecer justamente no momento em que ele assumiu a liderança, entre os jogadores, pelo enfrentamento do descontrolado calendário do futebol pelo mundo. •
Publicado na edição n° 1330 de CartaCapital, em 02 de outubro de 2024.
Este texto aparece na edição impressa de CartaCapital sob o título ‘A bola a rolar’
Este texto não representa, necessariamente, a opinião de CartaCapital.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
