Mundo
Zelensky diz que Rússia atacou usina de Chernobyl, mas não houve danos graves
O porta-voz oficial de Putin negou a acusação e disse que seu país não liderou o ataque contra a estrutura nuclear
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou nesta sexta-feira 14 que um drone russo atingiu uma cobertura construída para conter a radiação na usina nuclear de Chernobyl, mas acrescentou que “os níveis de radiação não aumentaram”.
“Ontem [quinta-feira 13] à noite, um drone de ataque russo com uma ogiva de alto teor explosivo atingiu a cobertura que protege o mundo da radiação no destruído reator número 4 da central nuclear de Chernobyl“, escreveu Zelensky na rede social X. Ele acrescentou que um incêndio foi “extinto” e “o nível de radiação não aumentou”.
A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) também relatou uma “explosão” no local e afirmou que “os níveis de radiação dentro e fora continuam normais e estáveis”.
As autoridades ucranianas disseram, ainda, que vão informar os Estados Unidos sobre os detalhes do ataque a Chernobyl em uma reunião na Conferência de Segurança de Munique nesta sexta-feira 14, onde Zelensky deve se encontrar com o vice-presidente dos EUA, J.D. Vance.
Rússia nega o ataque
A Rússia reagiu à acusação de Zelensky e disse que as forças do seu país não estão atingindo instalações nucleares na Ucrânia. “Não tenho informações precisas, mas os militares russos não estão fazendo isso”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.
O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.
Foto: NATALIA KOLESNIKOVA / AFP
A cúpula atingida
A estrutura atingida pelo ataque de drone é de aço e tem 25 mil toneladas, 108 metros de altura e 162 metros de comprimento. Ela foi construída pelas empresas francesas de construção civil Bouygues e Vinci e financiada por 45 países. Na ocasião, a cúpula custou cerca de € 1,5 bilhão e deve durar 100 anos. A estrutura cobre o reator de Chernobyl que explodiu em abril de 1986 e protege um antigo sarcófago construído pelos soviéticos para isolar os detritos radioativos.
Usina nuclear de Chernobyl, em foto de 2022 – Foto: Dimitar Dilkoff / AFP
Usina ocupada
A Rússia ocupou o local da usina no início de sua invasão, há três anos, com a ajuda das tropas da Belarus, gerando temores de novos vazamentos radioativos ou acidentes. As tropas russas se retiraram no final de março de 2022, quando a Rússia foi forçada a recuar do norte da Ucrânia, que fica a menos de cem quilômetros em linha reta da usina.
Em março de 2022, a Rússia também tomou à força a usina nuclear de Zaporizhia, a maior da Europa, no sul da Ucrânia. Desde então, russos e ucranianos se acusam de colocar em perigo o local onde fica a usina, sob ocupação russa, e de provocar o risco de um desastre nuclear.
(Com informações de AFP e RFI)
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