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Venezuela: Rival de Guaidó se autoproclama presidente do Parlamento

Juan Guaidó foi proibido de entrar na Assembleia Nacional, onde o chefe de grupo dissidente, Luis Parra, se autoproclamou presidente da Casa

Luis Parra, deputado autoproclamado presidente do Parlamento na Venezuela - Foto: Federico PARRA/AFP
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O deputado Luis Parra se autoproclamou, neste domingo 5, como presidente do Parlamento da Venezuela. A sessão foi realizada sem a presença de seu rival, Juan Guaidó, que tentava se reeleger, mas foi impedido de entrar no Palácio Legislativo. A oposição qualifica o ato de “golpe de Estado parlamentar”.

Durante mais de quatro horas, Guaidó e deputados da maioria opositora tentaram, sem sucesso, entrar no Palácio Legislativo, bloqueado por piquetes policiais e militares. Apenas os deputados do chavismo e os críticos do líder opositor conseguiram entrar no prédio.

Enquanto Guaidó estava do lado de fora, imagens de Parra prestando juramento com um megafone na tribuna presidencial foram exibidas pela TV estatal VTV. Em meio a gritos que tornaram o discurso inaudível, ele prometeu “sair desta desgraça”.

A conta da Assembleia Nacional no Twitter informou que a proclamação de Parra foi feita “sem votos ou quórum”, enquanto a assessoria de imprensa de Guaidó classificou a ação como um “golpe de Estado parlamentar”.

Parra foi excluído de seu partido

Parra é acusado de ter feito lobby junto a autoridades de Colômbia e Estados Unidos para livrar de responsabilidade o empresário colombiano Carlos Lizcano em casos de suposto custo extra na importação de alimentos para o governo de Nicolás Maduro. Ele foi excluído de seu partido após a denúncia, mas afirma continuar se opondo a Maduro.

A reeleição de Guaidó como presidente do Parlamento era vista como uma oportunidade para o opositor, que sofre de uma queda de popularidade, dar um novo impulso em seu projeto político. Foi se apoiando no cargo de chefe do Parlamento que ele se autoproclamou presidente interino, em janeiro do ano passado, sendo reconhecido em seguida por cerca de 50 países, entre eles os Estados Unidos.

Antes da tumultuada sessão parlamentar, Guaidó afirmou que dispunha de votos necessário para ser reeleito. “Os que impedem a legítima instalação do Parlamento venezuelano se tornam cumplices da ditadura e dos que oprimem o povo venezuelano”, declarou em seguida nas redes sociais.

Brasil, EUA e Colômbia se posicionam

O governo dos Estados Unidos classificou a eleição de Parra como uma “farsa” e disse que seguirá apoiando Guaidó como presidente interino da Venezuela, posição também adotada por Brasil e Colômbia. “Guaidó segue sendo o presidente interino da Venezuela sob a Constituição. A sessão falsa da Assembleia Nacional nesta manhã careceu de quórum legal. Não houve votação”, disse o responsável pela América Latina no Departamento de Estado dos EUA, Michael Kozak.

“As ações desesperadas do antigo regime de Maduro, impedindo ilegalmente com uso da força a entrada de Guaidó e da maioria dos deputados da Assembleia Nacional, fez com que a ‘votação’ desta manhã, que carece de quórum e não cumpre os padrões institucionais mínimos, seja uma farsa”, completou o representante da diplomacia americana.

Já o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Ernesto Araújo, afirmou pelo Twitter que “Maduro tenta impedir, à força, votação legítima da AN e reeleição de Juan Guaidó para a presidência da AN e do gov interino, crucial para a redemocratização do país. O Brasil não reconhecerá qualquer resultado dessa violência e afronta à democracia”.

O governo da Colômbia também publicou comunicado no qual informa que não reconhecerá o resultado da eleição para a presidência da Assembleia Nacional da Venezuela. “O resultado de um processo eleitoral realizado de maneira fraudulenta, sem transparência e garantias, não será reconhecido pelo Estado colombiano”, afirmou o Ministério das Relações Exteriores do país.

*Com informações da AFP e DW

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