Mundo
Venezuela reforça presença militar na fronteira terrestre diante de avanços dos EUA
O destacamento americano é considerado por Caracas uma ameaça para mudança de regime


A Venezuela reforçou nesta quinta-feira 16 sua presença militar em estados fronteiriços com a Colômbia como parte dos exercícios realizados em resposta à mobilização militar dos Estados Unidos no Mar do Caribe, constatou a AFP.
Washington mantém desde agosto uma operação “antidrogas” com a presença de sete navios de guerra perto da costa venezuelana. O presidente Donald Trump acusa o dirigente venezuelano Nicolás Maduro de ter vínculos com o narcotráfico e anunciou, na quarta-feira, que autorizou operações da CIA contra a Venezuela.
O destacamento americano é considerado por Caracas como uma “ameaça” para uma “mudança de regime” e, em resposta, Maduro ordenou exercícios militares com milhares de efetivos no país.
As autoridades locais dos estados de Táchira e Amazonas anunciaram operações nesta quinta-feira com patrulhas e procedimentos de controle em passagens fronteiriças com a vizinha Colômbia.
Em Táchira, onde estão as três principais pontes que ligam a Venezuela com a Colômbia, os efetivos foram alocados no entorno da Ponte Internacional Simón Bolívar, que liga as cidades colombianas de Cúcuta e Villa del Rosario com a venezuelana San Antonio, constatou a AFP.
Segundo o comandante da Zona Operacional de Defesa Integral (Zodi) de Táchira, general Michell Valladares, 17 mil efetivos foram enviados a Táchira.
“O estado andino foi parcialmente fechado e a ordem interna na cidade de San Cristóbal foi assegurada”, disse o general citado em uma nota de imprensa.
Em Amazonas, por sua vez, que também faz fronteira com o Brasil, os efetivos foram espalhados pelo estado para proteger “empresas estratégicas” e “serviços básicos”.
Essas ações buscam “elevar o nível de prontidão operacional” dos efetivos e assegurar a integração do “povo em armas”, disse o chefe da Zodi em Amazonas, general Lionel Sojo.
A Venezuela também mobilizou militares em áreas costeiras, como Nueva Esparta, Sucre e Delta Amacuro, estados próximos a Trinidad e Tobago.
Desde que os navios foram enviados a águas internacionais no Caribe, os Estados Unidos atacaram pelo menos cinco pequenas embarcações de supostos “narcoterroristas”, com um saldo de 27 mortos.
Após o último ataque marítimo, a polícia de Trinidad e Tobago anunciou que estava investigando a possível morte de dois de seus cidadãos.
Moradores do vilarejo de Las Cuevas, no norte da ilha de Trinidad, alertaram à polícia que havia dois trinitinos na embarcação bombardeada.
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