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Venezuela realiza com ‘sucesso’ simulação de referendo por região disputada com Guiana

O governo da Venezuela promoverá em dezembro referendo oficial, no qual perguntará a seus cidadãos se apoiam a concessão da nacionalidade venezuelana aos 125.000 habitantes desta região

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro. Foto: Marcelo Garcia/AFP
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A Venezuela realizou com “sucesso”, neste domingo (19), um ensaio geral do referendo sobre Essequibo, região rica em petróleo pela qual o país mantém um litígio com a vizinha Guiana, que considera a consulta uma violação das “leis internacionais”.

O governo da Venezuela promove um referendo previsto para 3 de dezembro, no qual perguntará a seus cidadãos se apoiam a concessão da nacionalidade venezuelana aos 125.000 habitantes desta região de 160.000 km² e a criação de um estado chamado “Guiana Essequiba”.

A Guiana, que administra essa região, rejeitou a iniciativa venezuelana, classificando-a de “ameaça”.

“A simulação foi um sucesso” pela alta participação e a ausência de problemas técnicos, disse aos jornalistas o vice-presidente do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), Carlos Quintero, que convocou a população a “sair para votar em defesa do interesse nacional”.

“Estamos muito felizes com a resposta na simulação […] A resposta que hoje o povo da Venezuela está dando no ensaio vai se multiplicar por 10, por 100, no próximo domingo, 3 de dezembro”, afirmou, por sua vez, Jorge Rodríguez, presidente do Parlamento, que chamou o presidente da Guiana, Irfaan Ali, de “escravo da ExxonMobil”.

Toda a população maior de 18 anos de Venezuela foi convocada a participar do ensaio geral do referendo. As autoridades, no entanto, não divulgaram números de participação nem do resultado da consulta.

A Guiana atém-se a um laudo arbitral de 1899 no qual foram estabelecidas as fronteiras atuais.

Já a Venezuela reivindica o Acordo de Genebra, firmado em 1966 com o Reino Unido, antes da independência guianesa, no qual o laudo arbitral foi anulado, que Caracas considera “fraudulento”, e se estabeleceram as bases para uma solução negociada. A controvérsia está nas mãos da Corte Internacional de Justiça (CIJ), cuja jurisdição é rejeitada pelo Estado venezuelano.

A disputa voltou à tona com a descoberta de campos de petróleo na região e as negociações da Guiana com a gigante petrolífera americana ExxonMobil para sua exploração.

Irfaan Ali disse no sábado que espera que prevaleça “a sensatez”, mas garantiu que seu governo está se preparando para qualquer cenário, ao considerar o referendo “uma ameaça para a paz e a segurança na América Latina e no Caribe”.

O presidente guianês advertiu que sua administração falou sobre este assunto com “parceiros estratégicos”, incluindo “membros do Conselho de Segurança” da ONU, em alusão aos Estados Unidos.

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, propôs uma reunião com Ali, que se declarou disposto a manter conversas como um “bom vizinho”, mas ressaltou que a controvérsia deve ser resolvida na CIJ.

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