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Venezuela e Colômbia retomam relações com foco no comércio

Os dois países romperam relações em 2019, ápice de um vínculo marcado por tensões em duas décadas de confrontos entre o chavismo e o período de direita iniciado por Álvaro Uribe

Armando Benedetti foi recebido na Venezuela pelo vice-chanceler, Rander Peña Ramírez. Foto: Reprodução/Redes Sociais
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Venezuela e Colômbia retomaram formalmente suas relações, com a chegada a Caracas neste domingo do embaixador colombiano Armando Benedetti, após três anos de ruptura diplomática.

“As relações com a Venezuela nunca deveriam ter sido rompidas. Somos irmãos e uma linha imaginária não pode nos separar, muitíssimo menos uma política pública de Estado, como aconteceu com o presidente Iván Duque. Iremos restabelecer as relações com a Venezuela”, afirmou o ex-senador Benedetti no Twitter.

O diplomata colombiano assinalou que mais de 8 milhões de colombianos vivem do comércio binacional, motivo pelo qual um dos objetivos é restabelecer as relações comerciais entre os dois países. Expectativa semelhante existe do lado venezuelano, onde industriais anseiam por normalizar o comércio que existiu por anos.

Benedetti foi recebido na Venezuela pelo vice-chanceler, Rander Peña Ramírez. “Em nome do presidente Nicolás Maduro, damos as boas-vindas a Armando Benedetti. Nossos laços históricos nos convocam a trabalhar juntos pela felicidade dos nossos povos. Bem-vindo!” comemorou Penã em um tuíte com imagens do encontro.

O chanceler da Venezuela, Carlos Faría, destacou que a chegada de Benedetti representa o início do resgate das relações entre os dois países. “Recebemos com entusiasmo o embaixador colombiano em nosso país, confiantes e cheios de esperança de que este será um novo começo para aprofundar os laços de fraternidade e cooperação entre nossos povos e, assim, avançarmos juntos”, tuitou.

Após a chegada ao poder do esquerdista Gustavo Petro na Colômbia, ambos os países designaram embaixadores para normalizar suas relações diplomáticas, rompidas em 2019. O presidente esquerdista colombiano Gustavo Petro e seu par venezuelano, Nicolás Maduro, anunciaram no último dia 11 o nome de seus representantes diplomáticos: o ex-chanceler Félix Plasencia é o embaixador venezuelano em Bogotá, enquanto Benedetti irá atuar em Caracas.

Projeções comerciais

Os dois países romperam relações em 2019, ápice de um vínculo marcado por tensões em duas décadas de confrontos entre o chavismo e o período de direita iniciado por Álvaro Uribe, que terminou com a chegada de Petro ao poder.

Um restabelecimento anterior dos laços era impossível, uma vez que o presidente colombiano Iván Duque não reconhecia Maduro como seu par, e sim o líder opositor Juan Guaidó, por considerar que a reeleição do primeiro foi fraudulenta.

Espera-se que a normalização das relações impulsione o comércio, que estava perto de 7,2 bilhões de dólares em 2008, mas entrou em colapso com o fechamento parcial da fronteira em 2015 e total em 2019. A Câmara Colombiano-Venezuelana trabalha com projeções comerciais de 800 milhões a 1,2 bilhão de dólares em 2022, depois que, no ano passado, a cifra foi de cerca de 400 milhões.

Além disso, a questão migratória é crucial, uma vez que milhares de pessoas cruzam a fronteira todos os dias. A Colômbia abriga 2 milhões dos 6 milhões de venezuelanos que emigraram devido à crise em seu país, os quais receberam permissão para trabalhar e acessar serviços públicos.

A fronteira de mais de 2.000 km compartilhada pelos dois países também é cenário de confrontos entre grupos armados e forças públicas, em meio a denúncias do ex-presidente Duque contra Maduro, acusado de abrigar dissidentes das Farc, guerrilheiros do ELN e narcotraficantes.

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