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Vaticano defende ‘dignidade humana’ em documento que aborda questões como aborto e sexualidade

Documento acena aos conservadores em uma tentativa de conter os ânimos dos opositores do papa Francisco na Igreja Católica

Vaticano defende ‘dignidade humana’ em documento que aborda questões como aborto e sexualidade
Vaticano defende ‘dignidade humana’ em documento que aborda questões como aborto e sexualidade
Créditos: Alberto PIZZOLI / AFP
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O Vaticano publicou, nesta segunda-feira (8), um novo texto dedicado ao respeito pela “dignidade humana”, no qual denuncia o aborto e a teoria de gênero e defende os direitos dos migrantes e das pessoas LGBTQIAP+.

O documento, denominado “Dignitas infinita” (“Uma dignidade infinita”), tem quase 20 páginas e foi aprovado pelo papa Francisco. Pode ser lido como uma forma de apaziguar as divisões dentro da Igreja, quatro meses após o escândalo em torno da instauração de bênçãos para casais homoafetivos, especialmente entre os mais conservadores.

O documento aborda os temas-chave do pontificado de Jorge Bergoglio, como a guerra, os direitos dos migrantes, a pobreza, a ecologia e a justiça social, além de outras questões bioéticas ou relacionadas à violência na Internet.

O texto, resultado de cinco anos de trabalho, foi publicado pelo Dicastério para a Doutrina da Fé, o poderoso órgão da Santa Sé encarregado do dogma que lista casos de “violações concretas e graves” da dignidade.

Segundo a publicação, a gestação por barriga de aluguel entra “em total contradição com a dignidade fundamental de cada ser humano” e “a aceitação do aborto na mentalidade, nos costumes e na própria lei” reflete “uma crise de moralidade muito perigosa”.

Pela primeira vez de forma tão específica, o Vaticano denuncia veementemente a “teoria de gênero”, que Francisco chama de “colonização ideológica muito perigosa”.

“Qualquer intervenção de mudança de sexo geralmente corre o risco de ameaçar a dignidade única que uma pessoa recebe no momento da concepção”, afirma o documento.

Ao mesmo tempo, a Igreja recorda que as pessoas LGBTQIAP+ devem ser respeitadas e denuncia que “em alguns lugares, muitas são presas, torturadas e até privadas do bem da vida apenas por sua orientação sexual”.

Uma parte também é dedicada à violência de gênero, afirmando que “nunca será suficientemente condenada”.

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