Mundo
União Africana condena onda de golpes de Estado no continente
Líderes africanos reunidos neste domingo (6) na capital da Etiópia, Adis Abeba, durante a 35ª cúpula de Chefes de Estado e de Governo da União Africana (UA) condenaram “inequivocamente” a recente “onda” de golpes militares no continente
“Todos condenaram o padrão, o ressurgimento e o ciclo de mudanças inconstitucionais de governo”, afirmou Bankole Adeoye, Comissário para os Assuntos Políticos, Paz e Segurança. Em um ano, quatro países tiveram governos suspensos: Mali, Guiné, Sudão e Burkina Faso”, ele destacou, acrescentando que a UA “não vai tolerar qualquer tipo de golpe militar”.
O presidente da Comissão da União Africana, Moussa Faki Mahamat, falou em “onda desastrosa” de golpes de Estado e sublinhou “ligações causais conhecidas” com o terrorismo
Guerra no país anfitrião
Com sede na capital etíope, a UA encontra-se numa situação particularmente delicada. Não está claro se a cúpula, cuja maioria das sessões foi realizada a portas fechadas, abordou a questão da guerra no país anfitrião.
O norte da Etiópia é devastado, há 15 meses, por um conflito entre forças pró-governo e rebeldes da Frente de Libertação do Povo de Tigré (TPLF), que já custou milhares de vidas e, segundo a ONU, levou centenas de milhares de pessoas a passarem fome.
Bankole Adeoye assegurou que “todas as situações de conflito estavam na agenda da cúpula”.
Faki Mahamat esperou até agosto passado – nove meses após o início dos combates – para nomear o ex-presidente nigeriano Olusegun Obasanjo como enviado especial para garantir um cessar-fogo. A Etiópia também continuou a fazer parte do Conselho de Paz e Segurança da UA durante o conflito. No entanto, o país não foi reconduzido para um novo mandato.
Adeoye negou que a UA tenha demorado a reagir. “Era impossível a UA não se envolver numa situação dessas, precisamente dada a sua situação na Etiópia”, afirmou.
Obasanjo deve visitar as áreas afetadas pela guerra esta semana.
Debate sobre Israel suspenso
A União Africana optou por não dar continuidade às discussões sobre um assunto altamente sensível: o credenciamento de Israel à organização. Esta decisão, tomada em julho por Moussa Faki, divide a entidade.
Vários Estados membros, incluindo África do Sul e Argélia, ficaram indignados, considerando que esta escolha vai contra as declarações da organização de apoio aos Territórios Palestinos.
Os dois países pressionaram para colocar o tema na agenda da cúpula. Um debate marcado para a tarde deste domingo, no entanto, foi “suspenso”, de acordo com fontes diplomáticas, e um comitê será criado “para estudar o assunto”.
Este comitê incluirá a África do Sul e a Argélia, mas também Ruanda e a República Democrática do Congo, que apoiam a decisão de Faki, assim como Camarões e Nigéria.
Em um discurso, no sábado, o primeiro-ministro palestino Mohammed Shtayyeh pediu aos líderes africanos que retirem esse credenciamento à Israel.
O adiamento do debate afasta a possibilidade de uma votação que, segundo muitos analistas, poderia ter causado uma divisão sem precedentes na história da UA, que comemora o seu 20º aniversário.
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