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União Africana condena onda de golpes de Estado no continente

Líderes africanos reunidos neste domingo (6) na capital da Etiópia, Adis Abeba, durante a 35ª cúpula de Chefes de Estado e de Governo da União Africana (UA) condenaram “inequivocamente” a recente “onda” de golpes militares no continente

União Africana condena onda de golpes de Estado no continente
União Africana condena onda de golpes de Estado no continente
Foto da abertura da cúpula da União Africana, em Adis Abeba, na Etiópia. Em 2 de fevereiro de 2022. Divulgação
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“Todos condenaram o padrão, o ressurgimento e o ciclo de mudanças inconstitucionais de governo”, afirmou Bankole Adeoye, Comissário para os Assuntos Políticos, Paz e Segurança. Em um ano, quatro países tiveram governos suspensos: Mali, Guiné, Sudão e Burkina Faso”, ele destacou, acrescentando que a UA “não vai tolerar qualquer tipo de golpe militar”.

O presidente da Comissão da União Africana, Moussa Faki Mahamat, falou em “onda desastrosa” de golpes de Estado e sublinhou “ligações causais conhecidas” com o terrorismo

Guerra no país anfitrião

Com sede na capital etíope, a UA encontra-se numa situação particularmente delicada. Não está claro se a cúpula, cuja maioria das sessões foi realizada a portas fechadas, abordou a questão da guerra no país anfitrião.

O norte da Etiópia é devastado, há 15 meses, por um conflito entre forças pró-governo e rebeldes da Frente de Libertação do Povo de Tigré (TPLF), que já custou milhares de vidas e, segundo a ONU, levou centenas de milhares de pessoas a passarem fome.

Bankole Adeoye assegurou que “todas as situações de conflito estavam na agenda da cúpula”.

Faki Mahamat esperou até agosto passado – nove meses após o início dos combates – para nomear o ex-presidente nigeriano Olusegun Obasanjo como enviado especial para garantir um cessar-fogo. A Etiópia também continuou a fazer parte do Conselho de Paz e Segurança da UA durante o conflito. No entanto, o país não foi reconduzido para um novo mandato.

Adeoye negou que a UA tenha demorado a reagir. “Era impossível a UA não se envolver numa situação dessas, precisamente dada a sua situação na Etiópia”, afirmou.

Obasanjo deve visitar as áreas afetadas pela guerra esta semana.

Debate sobre Israel suspenso

A União Africana optou por não dar continuidade às discussões sobre um assunto altamente sensível: o credenciamento de Israel à organização. Esta decisão, tomada em julho por Moussa Faki, divide a entidade.

Vários Estados membros, incluindo África do Sul e Argélia, ficaram indignados, considerando que esta escolha vai contra as declarações da organização de apoio aos Territórios Palestinos.

Os dois países pressionaram para colocar o tema na agenda da cúpula. Um debate marcado para a tarde deste domingo, no entanto, foi “suspenso”, de acordo com fontes diplomáticas, e um comitê será criado “para estudar o assunto”.

Este comitê incluirá a África do Sul e a Argélia, mas também Ruanda e a República Democrática do Congo, que apoiam a decisão de Faki, assim como Camarões e Nigéria.

Em um discurso, no sábado, o primeiro-ministro palestino Mohammed Shtayyeh pediu aos líderes africanos que retirem esse credenciamento à Israel.

O adiamento do debate afasta a possibilidade de uma votação que, segundo muitos analistas, poderia ter causado uma divisão sem precedentes na história da UA, que comemora o seu 20º aniversário.

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