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UE enfrenta indignação e protestos de agricultores em vários países

As manifestações dos produtores agrícolas exigem regulamentação ambiental na França, Alemanha, Polônia, Romênia e Países Baixos

Foto: Wikimedia Commons
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Os ministros da Agricultura da União Europeia iniciaram uma reunião em Bruxelas nesta terça-feira (23) em busca de uma medida para apaziguar a ira dos agricultores, que reivindicam uma vasta lista de demandas que vão desde importações da Ucrânia até a regulamentação ambiental.

Os produtores agrícolas da UE decidiram levar sua insatisfação para as ruas, fechando estradas em protesto, organizando desfiles de tratores e realizando manifestações na França, Alemanha, Polônia, Romênia e Países Baixos. 

A regulamentação ambiental, o aumento dos preços dos combustíveis e a concorrência das importações da Ucrânia, considerada desleal, lideram os protestos dos agricultores.

Para o ministro da Agricultura da Bélgica, David Clarinval, “a indignação dos agricultores se deve a vários fatores e não tem necessariamente as mesmas razões de um país para outro”, mas “devem ser levadas em conta” igualmente. 

Seu homólogo irlandês, Charlie McConalogue, declarou, por sua vez, que é possível que os produtores agrícolas “se sintam sob pressão constante, devido às inúmeras mudanças políticas que ocorreram nos últimos anos”.

Um dos temas mais urgentes da reunião nesta terça-feira é o apelo a um “diálogo estratégico” com estes agricultores, lançado no ano passado pela Comissão Europeia, o braço executivo da UE.

Segundo o poderoso grupo agrícola Copa-Cogeca, esta foi uma “iniciativa bem-vinda, embora tenha demorado a se materializar”.

Esta iniciativa terá início formalmente na quinta-feira (25), quando abordará as preocupações generalizadas de que a transição verde causará ainda mais transtornos aos agricultores. 

“O diálogo estratégico abordará (…) questões sobre como podemos garantir um nível de vida justo aos agricultores e às comunidades rurais, apoiando a agricultura dentro dos limites do planeta”, disse um porta-voz da Comissão Europeia, Olof Gill.

Também participarão empresas agrícolas, membros do setor agroalimentar, organizações não-governamentais e especialistas. 

Para o ministro espanhol da Agricultura, Luis Planas, a situação pode ser vista como explosiva, dada a proximidade das eleições europeias marcadas para junho.

“A extrema direita busca utilizar os agricultores e pecuaristas como instrumento político. Acho isso lamentável. Precisam ser defendidos, ouvidos (…) mas não manipulados politicamente”, afirmou.

Preocupações generalizadas

Para além das especificidades de cada país, os agricultores têm em comum a preocupação com os crescentes desafios enfrentados pelo setor, incluindo fenômenos climáticos extremos, a gripe aviária e o aumento dos custos do combustível.

Também compartilham preocupações com a chegada de produtos agrícolas ucranianos à UE desde a suspensão dos direitos aduaneiros em 2022. Os grupos agrícolas europeus exigem limites às importações de alimentos ucranianos, como cereais e açúcar. 

O bloco decidirá em junho se renovará esta política para os produtos procedentes da Ucrânia. 

Outro ponto de discordância diz respeito ao que os agricultores consideram como uma regulamentação excessiva.

“O mecanismo regulador da Europa continua funcionando a todo vapor, ignorando o contexto geopolítico, climático e econômico que está minando as explorações agrícolas e os rendimentos dos agricultores”, afirmou a Copa-Cogeca em um comunicado. 

O descontentamento do setor também tem sido uma preocupação crescente no Parlamento Europeu.

O maior grupo parlamentar, o Partido Popular Europeu (PPE, direita), tem tentado suavizar os textos agrícolas, argumentando que representam os desejos dos agricultores. 

A eurodeputada francesa do PPE, Anne Sander, salientou que sua bancada compartilha da “ambição ecológica”, mas que é necessário “adaptá-la à situação econômica”. 

“Os preços agrícolas estão caindo, as despesas estão disparando e acrescentar esforços regulamentares adicionais é demais”, analisou.

Sander também acusou a Comissão de ignorar os avisos da indústria durante anos. 

Para o eurodeputado português Pedro Marques, vice-presidente do bloco social-democrata, os agricultores são um “eleitorado muito importante”.

Os ambiciosos objetivos climáticos que a UE espera alcançar em 2040 dependem, em grande parte, da descarbonização do agronegócio. 

A agricultura é responsável por aproximadamente 11% das emissões de gases com efeito estufa na Europa.

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