Economia
UE e Canadá prometem resposta veemente às tarifas de Trump sobre o aço
O México e o Brasil também manifestaram incômodo com a nova tarifa; a Coreia do Sul, outro país duramente afetado pela medida, tenta uma abordagem mais conciliadora


A União Europeia e o Canadá prometeram, nesta terça-feira 11, uma resposta firme às tarifas dos Estados Unidos sobre o aço e o alumínio, anunciadas pelo presidente Donald Trump, enquanto o México pediu que o país não “destrua” as relações comerciais bilaterais.
Na segunda-feira, Trump determinou a adoção de tarifas de 25% sobre as importações de aço e alumínio, que entrarão em vigor em 12 de março, “sem exceções e isenções”.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, advertiu que “as tarifas injustificáveis à UE não ficarão sem resposta” e prometeu medidas “firmes e proporcionais”.
As tarifas afetarão de maneira considerável o Canadá, principal fornecedor de aço e alumínio dos Estados Unidos.
Brasil, México e Coreia do Sul, importantes fornecedores de aço, também serão prejudicados.
Nesta terça-feira, o ministro da Economia mexicano, Marcelo Ebrard, pediu a Washington que proteja a relação comercial entre os dois países.
“Às vezes o presidente Trump diz, ‘bom senso’. Bem, então tomamos sua palavra: bom senso, não atirar no próprio pé, não destruir o que construímos nos últimos quarenta anos”, declarou.
O Brasil “não estimula e não entrará em nenhuma guerra comercial“, disse o ministro brasileiro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, durante um evento oficial. O país é o segundo maior fornecedor de aço para os Estados Unidos.
“O presidente Lula tem dito sempre e com muita clareza: ‘guerra comercial não faz bem para ninguém‘”, enfatizou Padilha.
O diretor executivo da Ford, Jim Farley, afirmou que as tarifas representariam um duro golpe para a empresa, além de gerar “incerteza política”.
Por sua vez, o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, destacou que seu país responderá de forma “firme e clara” à imposição tarifária.
A federação do aço no Reino Unido, UK Steel, teme que as novas tarifas provoquem um “golpe devastador” para um setor já em declínio.
De Londres, um porta-voz do primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, disse que eles estavam se reunindo “com a indústria e nossos colegas americanos para definir os detalhes”.
“Evidentemente, é importante que adotemos uma abordagem ponderada”, acrescentou a fonte.
Na Alemanha, a locomotiva econômica europeia, o chefe de Governo, Olaf Scholz, disse que o bloco europeu apresentará uma frente unida. Também expressou a esperança de conseguir evitar o que chamou de “caminho errado das tarifas e contra-tarifas”.
O ministro da Economia alemão, Robert Habeck, defendeu a continuidade do “caminho da cooperação com os Estados Unidos”.
O ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Noel Barrot, destacou que a UE “responderá” como fez durante o primeiro mandato presidencial de Trump.
Cautela sul-coreana
A Coreia do Sul – outro país muito afetado pelas tarifas americanas – optou por uma postura mais conciliadora com Washington.
O chefe de Estado interino, Choi Sang-mok, disse que a Coreia do Sul tem a intenção de “proteger os interesses das empresas e reduzir as incertezas ao construir uma relação próxima com a administração Trump e ampliar nossas opções diplomáticas”.
O presidente americano também mencionou a possibilidade de impor tarifas a outros setores particularmente sensíveis para os sul-coreanos, como os semicondutores e as áreas automotiva e farmacêutica.
Além disso, a Coreia do Sul depende dos Estados Unidos para sua segurança diante da Coreia do Norte.
Ao anunciar as medidas, Trump afirmou que vários países que se beneficiavam de isenções tarifárias eram usados como plataforma pela China.
“Os produtores chineses aproveitam a exclusão geral do México das tarifas alfandegárias para enviar alumínio chinês aos Estados Unidos através do México”, afirmou o presidente americano.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Guo Jiakun, destacou na segunda-feira que para Pequim “não há (…) um vencedor em uma guerra comercial ou alfandegária“.
No domingo, Trump defendeu que as “tarifas alfandegárias recíprocas” buscam alinhar a tributação dos produtos que entram nos Estados Unidos com a forma como os produtos americanos são tributados no exterior.
Durante seu primeiro mandato (2017-21), Trump adotou tarifas aduaneiras de 25% sobre o aço e de 10% sobre alumínio, embora as medidas tenham sido retiradas por ele mesmo ou por seu sucessor, Joe Biden.
Em resposta, os europeus adotaram medidas de represália muito específicas, centradas no bourbon ou nas motocicletas Harley-Davidson.
Até o momento, Trump pressionou mais os aliados dos Estados Unidos do que a grande rival China, submetida desde terça-feira a tarifas de importação adicionais de 10%, além das que já cobradas até então.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também

Os falsos patriotas continuarão a bater continência para Trump?
Por Orlando Silva
Como as tarifas de Trump podem prejudicar os EUA
Por Deutsche Welle
‘Medidas unilaterais são contraproducentes’, diz Haddad sobre tarifa de Trump
Por Wendal Carmo
UE ‘lamenta’ tarifas dos EUA e diz que responderá ‘com firmeza’ se forem aplicadas
Por AFP