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Ucrânia: uma das maiores usinas metalúrgicas da Europa é destruída em Mariupol

Se a tomada de Mariupol for confirmada, será um importante ponto de virada na guerra

Vídeo publicado por parlamentar ucraniana mostra explosão em Mariupol. Foto: Reprodução
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A usina siderúrgica e metalúrgica Azovstal em Mariupol, uma das maiores da Europa, foi fortemente danificada por bombardeios, disseram autoridades ucranianas neste domingo 20. “Uma das usinas metalúrgicas mais importantes da Europa”, Azovstal, foi “destruída” em Mariupol, causando “enormes perdas econômicas” para a Ucrânia, disse uma parlamentar ucraniana, Lesia Vasylenko, em sua conta no Twitter.

A deputada postou um vídeo com a usina em chamas, lamentando as perdas para o seu país.

Outra legisladora, Serhiy Taruta, escreveu em sua página no Facebook que as forças russas, cercando Mariupol, “praticamente destruíram a fábrica”. O diretor administrativo da Azovstal, Enver Tskitishvili, disse em uma mensagem de vídeo postada no Telegram que sua empresa tomou medidas de precaução na fábrica desde o início da invasão russa em 24 de fevereiro para evitar qualquer dano à fábrica.

O conselho da cidade de Mariupol afirma que uma escola de arte foi bombardeada pelo exército russo. O edifício foi destruído, disse o município, enquanto 400 habitantes se refugiaram lá. Ainda não há um balanço das vítimas, e as informações permanecem difíceis de verificar no momento, segundo a agência de notícias Reuteurs.

A Rússia confirmou neste domingo, pelo segundo dia consecutivo, que utilizou mísseis hipersônicos na Ucrânia, desta vez para destruir uma reserva de combustível do exército ucraniano no sul do país.

“Um grande estoque de combustível foi destruído por mísseis de cruzeiro ‘Kalibr’ disparados do Mar Cáspio, bem como mísseis balísticos hipersônicos lançados pelo sistema de aeronaves ‘Kinjal’ do espaço aéreo da Crimeia”, disse o Ministério da Defesa russo em comunicado, sem especificar a data do ataque.

https://twitter.com/lesiavasylenko/status/1505318174459265024

Mariupol, cidade mártir

Se a tomada de Mariupol for confirmada, seria um importante ponto de virada na guerra. A batalha de rua continua no centro da cidade, o que impede a evacuação dos feridos, informa a enviada especial da RFI a Odessa, Cléa Broadhurst.

“Em Odessa, ouvimos alguns bombardeios à distância, e o alarme soou repetidamente nas ruas da cidade, como aconteceu em muitas regiões ucranianas esta noite, de Kharkiv a Lviv e de Kiev a Odessa. Mas no momento, em Odessa, nenhum ataque direto. A cidade está barricada e os habitantes se preparam para um possível assalto”, relata Broadhurst.

A situação humanitária continua a se deteriorar em Mariupol, já faz semanas que os habitantes não conseguem sair da cidade e sobrevivem em condições extremamente adversas. Eles não têm água, comida, eletricidade ou aquecimento e ficam presos em porões com temperaturas abaixo de zero. A cidade tornou-se ao longo do tempo uma cidade mártir. Nesta cidade, bombardeada durante semanas, famílias contam os cadáveres caídos nas ruas por vários dias.

“Há muitas crianças que ficaram sem pais… os pais foram buscar água ou comida e foram mortos no caminho. Essas crianças, apavoradas, permaneceram nos porões, mas seus pais não voltarão”, relata um antigo habitante de Mariupol, Pavel Gomzyakov, à RFI.

“Em Mariupol, é um inferno. Meus pais estão presos lá, minha irmã… e não tenho notícias. Precisamos de negociações de paz para um cessar-fogo. Evacuar 300 mil pessoas de uma só vez não é realista, mas podemos ajudá-las a sobreviver levando pelo menos água. Lá tem mulheres dando à luz, velhos, tem gente doente. Eles precisam urgentemente de eletricidade. Devemos, por todos os meios, parar a troca de tiros entre os dois exércitos e entender que existem pessoas, que existem 300.000 almas que rezam para permanecer vivas. Não são soldados, são civis que estão queimando neste inferno humanitário”, clama Gomzyakov.

“Terror será lembrado por séculos”

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse que o cerco da Rússia ao porto de Mariupol foi “um terror que será lembrado por séculos”. Em um vídeo transmitido na madrugada deste domingo, Volodymyr Zelensky também afirmou que o cerco de Mariupol “ficaria na história da responsabilidade por crimes de guerra”. As negociações de paz com a Rússia são, no entanto, necessárias, disse o presidente ucraniano, embora não sejam “nem fáceis nem agradáveis”.

As tropas russas ainda estão tentando cercar Kiev. Os arredores do aeroporto de Lviv, no oeste da Ucrânia, foram atingidos por “mísseis” russos na manhã de sexta-feira, segundo o prefeito da cidade. Um local militar foi duramente atingido em Mykolaiv, onde os ataques aéreos estão aumentando.

Mais de 3,3 milhões de pessoas já fugiram da Ucrânia desde o início da invasão do exército russo em 24 de fevereiro, segundo a ONU. Pelo menos 847 civis foram mortos desde o início da guerra, e o número de feridos é de 1.399, segundo as Nações Unidas. Como esses números são muito difíceis de verificar, a ONU insiste que seus balanços diários são provavelmente muito inferiores à realidade.

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