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Ucrânia pede apoio ‘constante’ após anúncio dos EUA de suspensão do envio de algumas armas

Os Estados Unidos anunciaram na terça-feira a suspensão do envio de certos armamentos a Kiev, alegando preocupação com a redução de sua própria reserva de munições

Ucrânia pede apoio ‘constante’ após anúncio dos EUA de suspensão do envio de algumas armas
Ucrânia pede apoio ‘constante’ após anúncio dos EUA de suspensão do envio de algumas armas
O presidente dos EUA Donald Trump e o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky. Foto: Nicholas Kamm/AFP e Ukrainian Presidential Press Service
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A Ucrânia pediu, nesta quarta-feira (2), apoio “constante” para pôr fim à guerra com a Rússia, depois que os Estados Unidos anunciaram que suspenderiam o envio de algumas armas a Kiev, em plena intensificação dos bombardeios de Moscou.

Os Estados Unidos anunciaram na terça-feira a suspensão do envio de certos armamentos a Kiev, alegando preocupação com a redução de sua própria reserva de munições.

“Essa decisão foi tomada para priorizar os interesses dos Estados Unidos”, justificou Anna Kelly, uma porta-voz adjunta da Casa Branca.

Washington é o principal apoiador militar (e financeiro) da Ucrânia desde o início da invasão russa em fevereiro de 2022. Suas armas, munições e equipamentos – além de suas informações de inteligência – permitiram às forças ucranianas conter o exército russo, que, no entanto, continua ocupando quase 20% do território ucraniano.

O anúncio ocorreu em um momento crítico, já que a Rússia realiza uma das maiores ofensivas no território ucraniano em mais de três anos de conflito.

No entanto, o alcance da decisão dos EUA permaneceu incerto.

O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, declarou na noite desta quarta-feira que Washington e Kiev estão atualmente trabalhando para “esclarecer todos os detalhes” sobre a ajuda militar que os Estados Unidos continuam fornecendo à Ucrânia, “incluindo componentes de defesa aérea”.

Kiev negou ter recebido uma “notificação oficial” por parte dos Estados Unidos sobre essa medida e insistiu que seu aliado essencial deveria manter um apoio “constante” para acabar com o conflito.

– “Comprar ou alugar”

Ao mesmo tempo, a Ucrânia convocou um diplomata americano, o encarregado de negócios John Ginkel.

“A parte ucraniana destacou que qualquer atraso no apoio às capacidades de defesa da Ucrânia apenas encorajará o agressor a continuar com a guerra e o terror, em vez de buscar a paz”, indicou a chancelaria ucraniana.

De acordo com Politico e outros meios de comunicação americanos, a medida diz respeito aos sistemas de defesa aérea Patriot, à artilharia de precisão e aos mísseis Hellfire.

Nas últimas semanas, o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, pediu aos Estados Unidos que vendessem sistemas Patriot para enfrentar os ataques diários de mísseis e drones russos.

O líder ucraniano voltou a levantar essa questão ao seu contraparte americano, Donald Trump, durante seu último encontro à margem da cúpula da Otan no final de junho.

Mas o magnata republicano mostrou-se evasivo e afirmou que seu país “também precisa” deles.

O ministro das Relações Exteriores ucraniano, Andrii Sibiga, reafirmou no X que a Ucrânia está disposta a “comprar ou alugar” sistemas de defesa antiaérea para combater “o grande número de drones, bombas e mísseis” enviados pela Rússia contra seu país.

– “Será difícil para nós” –

A notícia foi recebida com decepção em Kiev e certa apreensão sobre as capacidades do Exército ucraniano em continuar resistindo à investida russa.

“Atualmente, dependemos muito das entregas de armas americanas, por mais que a Europa faça tudo o que pode. Mas será difícil para nós sem as munições americanas”, reconheceu uma fonte militar em declaração à AFP.

Por outro lado, o Kremlin acolheu favoravelmente o anúncio e assegurou que isso ajudará a terminar mais cedo o conflito em curso.

“Quanto menos armas forem enviadas à Ucrânia, mais próximo estará o fim da operação militar especial”, disse à imprensa o porta-voz da presidência russa, Dmitri Peskov, usando a fórmula habitual em Moscou para se referir à ofensiva no país vizinho.

Para Shashank Joshi, especialista do Instituto RUSI de Londres, a decisão americana torna “cada vez menos provável que a Rússia se incomode em negociar seriamente”.

Um relatório publicado em maio pelo centro de reflexão CSIS (Center for Strategic and International Studies) alertou sobre a “capacidade” da Ucrânia, “a longo prazo”, de lutar contra a Rússia se a ajuda americana acabar, um apoio que os europeus “não podem substituir”.

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