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Ucrânia acusa a Rússia de lançar mísseis da central nuclear de Zaporizhia

‘A situação [na planta nuclear] é extremamente tensa, e a tensão aumenta a cada dia’, diz o presidente da Energoatom

Vista da usina nuclear de Zaporizhia, na Ucrânia. Foto: Ed Jones/AFP
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A operadora ucraniana de energia nuclear acusou as forças russas de implantarem lançadores de mísseis na central nuclear de Zaporizhia para disparar contra as regiões de Nikopol e Dnipro, que sofreram ataques na madrugada deste sábado 16.

“Os ocupantes russos instalaram sistemas de lançamento de mísseis no território da central nuclear de Zaporizhia”, no sul da Ucrânia, disse o presidente da Energoatom, Petro Kotin, no aplicativo de mensagens Telegram, após uma entrevista ao canal ucraniano de televisão United News.

“A situação [na planta nuclear] é extremamente tensa, e a tensão aumenta a cada dia. Os ocupantes estão trazendo seu maquinário, incluindo os sistemas de mísseis, com os quais atacaram o outro lado” do rio Dnipro e “o território Nikopol”, 80 km a sudoeste de Zaporizhia, relatou, acrescentando que cerca de 500 soldados russos permanecem na usina, controlando-a.

A maior central nuclear da Ucrânia caiu nas mãos das forças russas no início de março, pouco depois do início da invasão da Ucrânia, em 24 de fevereiro.

Neste sábado, mísseis russos atingiram prédios residenciais em Nikopol, matando duas pessoas e danificando 12 edifícios, além de uma escola e uma universidade, descreveu o governador regional de Dnipro, Valentin Reznichenko.

No nordeste, perto da segunda maior cidade da Ucrânia, Kharkiv, o governador Oleh Synyehubov anunciou que um ataque com mísseis russos durante a noite matou três pessoas na cidade de Chuhuiv.

Número de mortos aumenta em Vinnytsia

Tanto a Ucrânia quanto a comunidade internacional continuam abaladas com os bombardeios com mísseis de cruzeiro que devastaram o centro de Vinnytsia, centenas de quilômetros a oeste, na quinta-feira 14.

O número de mortos na cidade subiu para 24 neste sábado, depois que uma mulher não resistiu aos ferimentos e faleceu no hospital, disseram as autoridades.

Segundo as mesmas fontes, há três crianças entre os mortos.

“Sessenta e oito pessoas ainda estão recebendo tratamento, incluindo quatro crianças. Quatro pessoas continuam desaparecidas”, disse o chefe do distrito de Vinnytsia, Sergiy Borzov.

O Exército russo afirmou que o bombardeio em Vinnytsia foi dirigido à “casa dos oficiais” da cidade, onde acontecia uma reunião do “comando da Força Aérea ucraniana com representantes de fornecedores estrangeiros de armas”.

A declaração foi questionada por uma autoridade do Pentágono.

“Não tenho indícios de que houvesse um alvo militar perto de lá”, disse a mesma fonte à imprensa, pedindo para não ser identificada. “Parecia um prédio residencial.”

Combates no Donbass

No momento, a maior parte dos combates está concentrada no sul e na bacia mineira e industrial do Donbass, no leste.

No Donbass, as forças separatistas afirmam que continuam avançando e em processo de retomada do controle total da cidade de Siversk, atacada depois da tomada de Lysyschansk, mais a leste, no início do mês.

Em entrevista coletiva, o porta-voz do Ministério russo da Defesa, Igor Konashenkov, assegurou que “a 115ª Brigada Mecanizada do Exército ucraniano, que operava em Siversk, foi destruída”.

De acordo com o Ministério britânico da Defesa, “as forças russas avançam lentamente para o oeste, após bombardeios e assaltos em direção a Siversk, (lançados) de Lysychansk, para abrir uma rota para Sloviansk e Kramatorsk”.

Sem especificar a data do deslocamento, o Ministério russo da Defesa anunciou neste sábado que o ministro Sergei Shoigu visitou os soldados envolvidos na ofensiva. Foi a segunda vez, desde o início do conflito. Também não foi especificado se a visita ocorreu na Ucrânia ou na Rússia.

Shoigu “deu as instruções necessárias para aumentar ainda mais” as medidas para “excluir a possibilidade de o regime de Kiev lançar bombardeios em massa […] contra as infraestruturas civis e contra os edifícios residenciais no Donbass e em outras regiões”, indicou o ministério.

A reunião de ministros de Economia e presidentes de bancos centrais dos países do G20 na Indonésia terminou sem um comunicado conjunto devido à falta de consenso nas discussões, dominadas pela ofensiva russa na Ucrânia.

A reunião de dois dias na ilha de Bali colocou em evidência as diferenças entre os líderes ocidentais, que denunciaram o impacto da guerra na Ucrânia na inflação e nas crises alimentar e energética, e a Rússia, que responsabilizou as sanções ocidentais pela piora da economia mundial.

Cerca de 20 milhões de toneladas de grãos se encontram bloqueados nos portos pela presença de navios de guerra russos e minas, colocadas por Kiev, para defender sua costa.

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