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Twitter e Musk se enfrentam no tribunal

Há uma semana, a plataforma entrou com uma ação contra Musk, dono da montadora Tesla e da empresa aeroespacial SpaceX, para forçá-lo a cumprir seu compromisso de adquiri-la por 44 bilhões de dólares

Foto: Frederic J. Brown/AFP
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Os advogados do Twitter e de Elon Musk vão se encontrar pessoalmente pela primeira vez nesta terça-feira (19) em uma audiência preliminar no âmbito da batalha judicial sem precedentes entre o homem mais rico do mundo e a popular rede social, decidida a ser comprada pelo magnata.

Há uma semana, a plataforma entrou com uma ação contra Musk, dono da montadora Tesla e da empresa aeroespacial SpaceX, para forçá-lo a cumprir seu compromisso de adquiri-la por 44 bilhões de dólares.

Apesar de passar por uma crise de reputação devido à enxurrada de ataques e críticas de Musk, “as ações do Twitter estão em boa forma” desde que entrou com o processo, comentou o analista Dan Ives, da Wedbush Securities.

“Dá a impressão de que muitos investidores que leram o processo concluíram que esse confronto do tipo ‘Game of Thrones’ no tribunal terminará em uma vitória para o Twitter”.

Por “vitória”, Ives se refere à juíza decidir forçar Elon Musk a comprar a empresa californiana pelo preço acordado no final de abril (US$ 54,20 por ação) ou a pagar uma indenização considerável.

O magnata rompeu unilateralmente com o acordo em 8 de julho, após alegar que o conselho de administração do Twitter não lhe havia fornecido informações confiáveis sobre o número de contas falsas ativas.

O litígio ficará nas mãos do Tribunal de Chancery, no pequeno estado de Delaware, nos Estados Unidos, especializado em direito empresarial.

Sua presidente Kathaleen McCormick – a primeira mulher nessa posição – assumiu o caso.

“Ela é uma juíza muito séria, não será intimidada por nenhuma das partes”, comenta Adam Badawi, professor de direito da Universidade de Berkeley.

Em seu processo, o Twitter acusa Musk de “hipocrisia” e “má-fé”.

Os advogados da empresa acreditam que ele mudou de ideia sobre o acordo à luz do recente declínio das empresas de tecnologia no mercado de ações.

“Depois de armar um grande show no Twitter e propor e assinar um acordo de fusão, Musk se acha livre para mudar de ideia, difamar a empresa, interromper o negócio, destruir o valor de suas ações e lavar as mãos”, denunciaram.

Kathaleen McCormick é conhecida por forçar a Kohlberg, uma empresa que também tentou quebrar um compromisso, a comprar a empresa DecoPac.

A audiência desta terça-feira busca definir a data de um possível julgamento.

O Twitter solicitou um processo acelerado, com início em setembro, para que não se prolongue o período de incerteza que, em parte, paralisa a empresa.

Os advogados de Musk entraram com um recurso na sexta-feira para adiar o processo até o próximo ano.

Especialistas antecipam que “montanhas de dados” terão que ser analisadas para provar, como afirma Musk, que a plataforma tem muito mais contas automatizadas e de spam do que os 5% oficiais que apresentou.

A juíza também deve considerar os termos do pacote financeiro que foi negociado com os bancos e investidores, para não arriscar a possibilidade de recompra.

O magnata do Twitter e o conselho ainda podem optar por fechar o negócio a um preço um pouco mais baixo para evitar o processo judicial.

“Mas isso seria um pensamento racional”, alerta Badawi, referindo-se à imprevisibilidade de Elon Musk, que segundo ele atua como um “elétron livre”.

Em outro caso também julgado em Delaware, Musk “mostrou sua vontade de ir até o fim”, lembra o professor. “E ele ganhou. Não acho que seu instinto seja necessariamente fazer um acordo.”

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