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Turquia prende mais de cem ativistas pró-curdos a poucos dias das eleições

A oposição pró-curda acusa o governo de intensificar a repressão a menos de três semanas das eleições presidenciais e legislativas cruciais para o presidente Recep Tayyip Erdogan

Créditos: AFP PHOTO / ILYAS AKENGIN
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Ao menos 126 pessoas foram presas nesta terça-feira 25 na Turquia em uma operação “antiterrorista” visando membros e supostos apoiadores do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK). A oposição pró-curda acusa o governo de intensificar a repressão a menos de três semanas das eleições presidenciais e legislativas cruciais para o presidente Recep Tayyip Erdogan.

A operação visou jornalistas, advogados, militantes de partidos políticos, artistas e membros de ONGs. Um tribunal de Diyarbakir, principal cidade do sudeste da Turquia com maioria curda, anunciou as detenções que ocorreram em 21 das 81 províncias do país.

Segundo as mídias pró-governo, os detidos são suspeitos de “recrutar” membros para o PKK, de financiar o grupo, de realizar ações de “propaganda” ou de organizar atos “nas ruas” do país desde 2017. A organização, que trava uma luta armada contra o exército turco desde 1984, é classificada como terrorista por Ancara, Estados Unidos e União Europeia.

Durante a tarde, dezenas de pessoas se reuniram nas ruas de Diyarbakir, aos gritos de “revoltem-se contra o fascismo”, para protestar contra as detenções. A polícia foi acionada e confrontos foram registrados com os participantes do protesto.

A associação de magistrados de Diyarbakir denunciou uma repressão inédita e apontou que o número de pessoas presas pode ser ainda maior. Já a ONG de defesa das liberdades MLSA aponta que as casas de vários cidadãos, entre eles jornalistas, advogados e militantes dos direitos humanos, foram revistadas durante a manhã. A ONG Repórteres Sem Fronteiras informou que foram detidos 11 jornalistas que trabalham em veículos pró-curdos.

Eleições decisivas para Erdogan

Para o HDP, principal partido da esquerda pró-curda que representa cerca de 10% do eleitorado, a operação é uma intimidação do governo a apenas 19 dias eleições presidenciais e legislativas. O vice-presidente da legenda, Tayip Temel acusa o poder de agir “por medo de perder”.

O pleito será decisivo para a permanência do chefe de Estado turco, Recep Tayyip Erdogan, e seu partido, o AKP, no poder há duas décadas. A oposição apresenta uma coalizão unida de seis partidos que designaram um candidato único à presidência, Kemal Kiliçdaroglu.

O HDP é a terceira força política da Turquia e a segunda formação no Parlamento. Seu líder, Selahattin Demirtas, está preso desde 2016 por “propaganda terrorista”.

“Eles não poderão impedir o avanço da paz, da prosperidade e da democracia”, publicou em sua conta no Twitter nesta terça-feira.

A legenda também está sob ameaça de fechamento, reivindicado em janeiro perante o Tribunal Constitucional turco por um promotor que acusou o partido de estar “organicamente” ligado ao PKK.

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