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Trump usa indulto presidencial para perdoar aliados

Entre os beneficiados está Paul Manafort, ex-diretor de campanha do republicano em 2016 e seu ex-conselheiro Roger Stone

O ex-presidente dos EUA Donald Trump. Foto: AFP
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A Casa Branca revelou na noite de quarta-feira 23 uma lista de quase trinta indultos e outras medidas de clemência. Entre os beneficiados está Paul Manafort, ex-diretor de campanha de Donald Trump em 2016 e seu ex-conselheiro Roger Stone. Os dois são investigados no caso de suposta ingerência russa na campanha presidencial americana, quando Trump foi eleito.

“As palavras não são suficientes para expressar todo nosso reconhecimento”, escreveu Paul Manafort no Twitter. Ele cumpre uma pena de sete anos e meio de prisão por diversas fraudes, descobertas em uma investigação de dois anos sobre uma possível colaboração entre a Rússia e a equipe de Trump. Manafort foi colocado em prisão domiciliar em maio, devido à epidemia de coronavírus.

O gesto rendeu novas críticas ao presidente americano, que já tinha usado o direito de anistia no fim de novembro para Michael Flynn, seu ex-conselheiro de segurança nacional, também investigado no caso de ingerência russa. “Podre até a medula”, disse o senador republicano Ben Sasse. “Trump acaba de perdoar outro grupo de criminosos de sua gangue”, escreveu o democrata Lloyd Doggest, no Twitter.

O pai de Jared Kushner, genro e conselheiro do presidente, também está na lista. Charles Kurshner foi condenado em 2004 a dois anos de prisão por fraude fiscal. “Este espetáculo é sempre revoltante. E está longe de terminar!”, criticou David Axelrod, ex-conselheiro de Barack Obama.

Autoperdão preventivo

Trump anunciou na terça-feira 22 um primeiro grupo de indultos e medidas de clemência que beneficiaram quatro ex-agentes da empresa de segurança privada Blackwater, reconhecidos como culpados do assassinato de 14 civis iraquianos, em 2007, em Bagdad. Eles atiraram com metralhadoras e usaram granadas em um cruzamento frequentado da cidade, enquanto circulavam em veículos blindados. O massacre causou indignação mundial. Para justificar o indulto, a Casa Branca afirmou que os quatro homens, todos ex-militares, tinham “um longo passado a serviço da nação”.

“Tudo isso me dá vontade de vomitar”, disse a ex-senadora democrata Claire McCaskill, que presidia a comissão das Forças Armadas no Senado. “Esse indulto desonra nosso Exército de maneira impronunciável”, afirmou. Para o grupo anticorrupção Citizens for Responsibility and Ethics in Washington, “a mensagem de Trump é clara: a justiça não se aplica aos que são leais” a ele.

O presidente americano também planejaria, segundo a imprensa americana, dar um indulto preventivo a seus filhos, a Jared Kushner e a seu advogado pessoal Rudy Giuliani, antes de deixar a Casa Branca, em janeiro. O chefe de Estado poderia, também, eventualmente, se autoperdoar de crimes pelos quais ele poderia ser processado, cometidos durante o seu mandato. Em 2018, ele afirmou ter “o direito absoluto” de tomar esta decisão sem precedentes.

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