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Trump recebe Zelensky após retomar diálogo com Putin

Essa é a terceira viagem do ucraniano a Washington desde que o republicano retornou à presidência em janeiro

Trump recebe Zelensky após retomar diálogo com Putin
Trump recebe Zelensky após retomar diálogo com Putin
Trump e Zelensky na Casa Branca em agosto de 2025. Foto: Alex WROBLEWSKI / AFP
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O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, tentará convencer Donald Trump nesta sexta-feira 17, em um encontro na Casa Branca, a fornecer mísseis Tomahawk de longo alcance a Kiev, um dia após o presidente dos Estados Unidos retomar o diálogo com o homólogo da Rússia, Vladimir Putin.

Zelensky faz a terceira viagem a Washington desde que Trump retornou à presidência em janeiro, após uma desastrosa discussão exibida para todo o mundo em fevereiro e uma reconciliação em agosto.

O republicano ainda não definiu sua posição sobre a guerra entre Rússia e Ucrânia.

A reviravolta mais recente aconteceu na véspera da visita de Zelensky. Após uma conversa telefônica com Putin, Trump anunciou que se reunirá com o presidente russo em Budapeste, em uma nova tentativa de acabar com o conflito iniciado com a invasão russa da Ucrânia em 2022.

Zelensky esperava que a viagem ajudasse a aumentar a pressão contra Putin, em particular com a aquisição de mísseis de cruzeiro Tomahawk produzidos nos Estados Unidos, com capacidade de atingir alvos a longa distância na Rússia.

O presidente ucraniano anunciou que se reuniu com representantes das empresas que fabricam os Tomahawk e os sistemas de mísseis terra-ar Patriot. “Falamos sobre possíveis formas de cooperação para fortalecer a defesa antiaérea da Ucrânia e suas capacidades de longo alcance”, disse.

Mas Trump, que já chegou a declarar que conseguiria acabar com a guerra na Ucrânia em 24 horas, parece determinado a buscar um novo avanço diplomático após o acordo de cessar-fogo em Gaza que negociou na semana passada.

O presidente americano disse na quinta-feira que teve uma conversa “muito produtiva” com Putin e que os dois se reunirão na capital da Hungria nas próximas duas semanas. Ele acrescentou que espera manter reuniões “separadas, mas iguais” com os líderes russo e ucraniano, mas não revelou detalhes.

Zelensky disse na quinta-feira, ao desembarcar em Washington, esperar que o sucesso de Trump com o acordo entre Israel e o movimento islamista Hamas ajude a acabar com a guerra em seu país.

Ele insistiu que a ameaça de venda dos Tomahawk obrigou o Kremlin a negociar.

“Podemos ver que Moscou se apressa a retomar o diálogo assim que toma conhecimento dos mísseis Tomahawk”, disse.

“Não gostou”

Trump não garantiu que a Ucrânia consiga obter os cobiçados projéteis, que têm alcance de 1.600 quilômetros. Ele advertiu que os Estados Unidos também não podem “esgotar” suas próprias reservas de mísseis Tomahawk.

O presidente americano disse que Putin “não gostou” quando, durante a conversa telefônica, ele citou a possibilidade de entregar os Tomahawk à Ucrânia.

O Kremlin afirmou na quinta-feira que estava fazendo preparativos imediatos para uma reunião de cúpula em Budapeste. Também chamou a ligação de “extremamente franca e de confiança” entre os dois líderes.

Putin disse a Trump que ceder Tomahawks à Ucrânia prejudicaria “as perspectivas de uma resolução pacífica” do conflito, informou o principal conselheiro do presidente russo, Yuri Ushakov.

As relações de Trump com Putin, um líder pelo qual expressou admiração ao longo dos anos, e Zelensky têm oscilado desde que o republicano retornou à Casa Branca.

Após uma aproximação inicial, Trump tem demonstrado uma frustração cada vez maior com Putin, em particular desde que saiu da reunião com o presidente russo no Alasca, em agosto, sem uma perspectiva para o fim da guerra.

Zelensky seguiu o caminho contrário, recuperando o apoio de Trump após um encontro desastroso no Salão Oval, no qual o presidente dos Estados Unidos e o vice-presidente JD Vance o repreenderam diante das câmeras.

O ucraniano retornou à Casa Branca em agosto, vestido de terno após ter sido alvo de ironias na primeira reunião, e acompanhado por uma série de líderes ocidentais em sinal de solidariedade.

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