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Trump indica juíza conservadora Amy Coney Barrett para Suprema Corte

Republicano prevê que nome escolhido receberá confirmação ‘muito rápida’ no Senado

Trump indica juíza conservadora Amy Coney Barrett para Suprema Corte
Trump indica juíza conservadora Amy Coney Barrett para Suprema Corte
Foto: Olivier DOULIERY / AFP Foto: Olivier DOULIERY / AFP
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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, indicou neste sábado 26 a juíza conservadora Amy Coney Barrett para suceder a progressista Ruth Bader Ginsburg na Suprema Corte, a cinco semanas para as eleições presidenciais de 3 de novembro.

“Nesta noite, tenho a honra de indicar uma das mentes legais mais brilhantes e dotadas do país para a Suprema Corte”, declarou Trump em discurso realizado nos jardins da Casa Branca.

“Você será fantástica”, continuou o presidente republicano ao falar com a juíza de 48 anos, que estava ao seu lado, antes de prever que o Senado irá confirmar rapidamente a indicação.

Barrett, uma católica praticante que se opõe ao aborto, deverá consolidar uma maioria conservadora na mais alta instância jurídica dos Estados Unidos.

A indicação presidencial poderá ser aprovada rapidamente pelo Senado, de maioria republicana. De acordo com a imprensa americana, as audiências começarão em 12 de outubro e o voto poderá acontecer no fim do mês, dias antes das eleições.

“É minha terceira indicação”, declarou sorridente o presidente Trump, que em apenas um mandato teve a oportunidade de escolher três novos integrantes para a Suprema Corte.

Minutos após o anúncio de Trump, o candidato democrata à Casa Branca, Joe Biden, pediu para que o nome do novo juiz da Suprema Corte não fosse escolhido antes das eleições presidenciais de 3 de novembro.

“O Senado não deveria pronunciar-se sobre a vaga até que os americanos tenham escolhido seu próximo presidente e seu próximo Congresso”, afirmou em comunicado.

Protestos democratas

Trump se apressou a iniciar o processo de substituição de Ginsburg, um ícone progressista e feminista, com o objetivo de fazer da Suprema Corte, cujos membros são vitalícios, um tribunal claramente conservador.

A oposição democrata afirma que a responsabilidade de apontar um novo juiz para a Suprema Corte deveria ser do vencedor das próximas eleições.

A Suprema Corte tem decisão final sobre temas de grande sensibilidade para a sociedade americana, como o aborto, o porte de armas, a descriminação positiva e os litígios eleitorais.

Para a senadora Kamala Harris, companheira de chapa de Biden, a indicação da juíza Barrett “faria da Corte um tribunal ainda mais de direita” e “prejudicaria milhões de americanos”, colocando em perigo a cobertura de saúde adotada durante a presidência do democrata Barack Obama, antecessor de Trump.

A União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU), a principal organização de direitos humanos nos Estados Unidos, também pediu ao Senado que adiasse a confirmação somente para depois de 20 de janeiro de 2021, quando o vencedor das eleições assume o mandato.

O tema da indicação de Barrett certamente será abordado no primeiro debate televisionado da campanha presidencial entre Biden, favorito nas pesquisas, e Trump, na próxima terça-feira.

A indicação de Barrett, mãe de sete filhos e conhecida pela postura conservadora, poderia fortalecer o eleitorado religioso conservador do qual Trump dependeu para chegar à Casa Branca há quatro anos.

Especialmente após a Suprema Corte, apesar de ter teoricamente uma maioria de juízes de direita, infligir diversas derrotas aos conservadores em questões como o aborto e os direitos dos jovens migrantes sem documento.

“ACB” depois de “RBG”

Amy Coney Barrett -“ACB”, como foi apelidada pela imprensa americana – já esteve entre os favoritos de Trump para a Suprema Corte em 2018, mas o presidente acabou optando por indicar o juiz Brett Kavanaugh.

“Amo os Estados Unidos, amo a Constituição dos Estados Unidos”, declarou Barrett em breve depoimento em que homenageou a falecida magistrada Ruth Bader Ginsburg.

“[Ginsburg] ganhou a admiração de todas as mulheres do país e no mundo inteiro”, disse a indicada de Trump.

Uma semana após sua morte aos 87 anos, Ginsburg recebeu na sexta-feira uma última homenagem solene no Capitólio, em Washington, em cerimônia que conta com a presença de Joe Biden e Kamala Harris.

Ginsbrug será enterrada em uma cerimônia íntima na semana que vem no cemitério nacional de Arlington, nos arredores da capital americana.

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