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Trump faz maratona de comícios para conquistar eleitorado branco

Na reta final da campanha eleitoral, o presidente americano, Donald Trump, que tenta se reeleger, não poupa esforços

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Foto: Brendan Smialowski/AFP
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A dois dias das eleições presidenciais nos Estados Unidos, Donald Trump e Joe Biden travam uma intensa disputa em estados importantes para a votação, que deve ser histórica.

O republicano pretende viajar mais de 3.500 quilômetros neste domingo para cumprir a bateria de compromissos em Michigan, Iowa, Carolina do Norte, Geórgia e Flórida. Na segunda-feira, 2, fará outros cinco comícios em quatro estados.

Já o democrata Joe Biden se concentra neste domingo na Pensilvânia. Todos os estados escolhidos pelos candidatos nesta reta final da campanha são chamados de “competitivos”, onde a disputa é intensa e há possibilidade de vitória para ambos.

Com várias pesquisas mostrando a liderança de Biden, a estratégia de Trump é focar nos cidadãos que não foram votar nas eleições presidenciais de 2016, mas estão inscritos este ano. Eles compõem a base dos simpatizantes e apoiadores do republicano: são homens brancos com nível médio de escolaridade.

No sábado, 31, em quatro comícios na Pensilvânia, Trump falou a um público homogêneo: uma multidão composta quase exclusivamente de eleitores brancos, do sexo masculino. “Em três dias, vocês salvarão o sonho americano”, afirmou à plateia onde o uso de máscara não parecia ser a regra.


Prioridade à luta contra a Covid-19

Os estilos dos comícios revelam a total oposição do republicano e do democrata na luta contra a Covid-19, que se espalha a toda velocidade pelo país. O vírus já matou mais de 230 mil americanos e as últimas estatísticas registram uma média acima de 80 mil casos diariamente na última semana, um aumento de 43% de casos em relação a semanas anteriores. O tema tem sido usado insistentemente pelos candidatos nos últimos dias.

Nos eventos com Trump, muitos eleitores estão próximos uns dos outros, boa parte sem máscaras, assim como o próprio presidente. O republicano tem repetido que, se vencer as eleições, não haverá lockdown. Também ataca seu adversário dizendo que, caso a vitória seja de Biden, os americanos não poderão celebrar o Natal, nem comemorar o Dia da Independência e que a economia será gravemente afetada com o democrata no poder.

Ao contrário do presidente, o democrata respeita religiosamente as medidas de proteção contra o coronavírus. A atitude do rival é frequentemente alvo de chacota de Trump, cuja equipe de campanha divulga boatos sobre o estado físico e mental de Biden. “É hora de Donald Trump fazer as malas e voltar para casa”, disse o democrata aos simpatizantes neste fim de semana.


Maior participação do eleitorado negro

Enquanto Trump foca nos eleitores brancos, Biden espera obter uma maior participação dos cidadãos negros, especialmente em Michigan. Há quatro anos, o pequeno índice de comparecimento às urnas dos afro-americanos neste estado foi crucial para a vitória de Trump.

Por isso, Biden contou com um apoio de peso: o ex-presidente Barack Obama, que tem multiplicado suas aparições públicas nesta reta final de campanha eleitoral. Depois de um evento em Flint, no sábado, os dois seguiram para Detroit, o coração histórico da indústria automobilística americana e uma das cidades mais pobres do país, onde quase 80% da população é negra.

A campanha de Joe Biden também anunciou a presença de Obama na segunda-feira, no sul da Flórida para mobilizar o eleitorado negro e latino.

Os candidatos a vice-presidência também estão com agenda intensa neste último fim de semana antes das eleições. O republicano Mike Pence e a candidata à vice pelo Partido Democrata, Karmala Harris, fazem campanha neste domingo, em dois estados, Carolina do Norte e Geórgia.


Mais de 90 milhões de americanos já votaram

Dos cerca de 230 milhões de eleitores, 91 milhões já votaram antecipadamente, segundo dados divulgados neste domingo. As últimas pesquisas de intenção de voto apontam que, na média nacional, Biden tem 8 pontos a mais de vantagem sobre Trump.

Caso os resultados demorem a sair, muitos temem que os partidários dos dois candidatos ocupem as ruas para reivindicar a vitória. “Vai haver um alvoroço em nosso país”, previu Trump no sábado.

Durante a campanha, ele se recusou várias vezes a confirmar se haveria uma transferência pacífica da presidência em caso de derrota em 3 de novembro. O canal CNN revelou, no entanto, que vários funcionários da Casa Branca colaboram há meses com a equipe de Biden para preparar uma possível transição de poder.

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