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Trump e Zelensky discutem em reunião tensa em Washington; acordo de minerais não é assinado
Republicano cobrou ‘gratidão’ do ucraniano e praticamente obrigou Zelensky a aceitar acordo de paz pouco favorável aos europeus
A esperada reunião entre Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, e Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia, em Washington, nesta sexta-feira 28, não poderia expressar melhor as tensões entre os dois mandatários, elevadas nas últimas semanas pela postura do republicano sobre o eventual fim do conflito no leste europeu.
Zelensky foi a Washington para assinar um acordo com o governo norte-americano que daria acesso a empresas dos EUA às terras-raras ucranianas, um importante depósito de minerais raros, que incluem materiais básicos usados na indústria e na construção. Por causa do desentendimento entre os líderes, o acordo não foi assinado.
Trump e Zelensky promoveram uma intensa troca de acusações sobre os rumos – e os limites – da guerra na Ucrânia. Bate-boca e gritos marcaram a fase inicial do encontro, ainda no Salão Oval, diante de equipes dos dois governos e jornalistas. A cena, aliás, é rara na história da Casa Branca.
O abre-alas do encontro serviu para Trump pressionar o ucraniano a aceitar um acordo para encerrar a guerra. O republicano, aliás, voltou ao poder prometendo acabar com a guerra rapidamente, mas vem conduzindo negociações muito mais alinhadas aos anseios do presidente russo, Vladimir Putin – com eventual acordo de paz envolvendo a Ucrânia ceder territórios já dominados pelas tropas russas –, deixando a Ucrânia (e a Europa) em posição de isolamento.
Diante do mandatário ucraniano, Trump acusou Zelensky de “jogar com a Terceira Guerra Mundial”, indicando que ele deveria ser “grato” pela ajuda militar dada por Washington desde o início da guerra, em fevereiro de 2022.
Ao ouvir Trump dizer que ele estaria “no direito de ditar nada”, Zelensky indicou que Trump estaria sendo muito menos duro com Putin.
Trump reagiu. “Seu povo é muito corajoso, mas ou vocês fazem um acordo ou estamos fora. E se estivermos fora, vocês terão que lutar sozinhos”, disse Trump.
“O que você está dizendo é desrespeitoso com esse país”, disse Trump, com o dedo em riste, “um país que te apoiou muito mais do que muitos disseram que deveria”.
O clima de tensão extrapolou os dois mandatários e tomou o vice-presidente dos EUA, J. D. Vance, que disparou contra Zelensky: “você já disse obrigado?”.
Trump, por sua vez, aproveitou para dizer que a Ucrânia “está em apuros”. “Nós demos 350 bilhões de dólares a vocês, se vocês não tivessem nosso material militar, teriam perdido em duas semanas. Vocês têm que mostrar gratidão“, afirmou Trump. O número citado pelo republicano é bastante superior ao que, de fato, os Estados Unidos repassaram ao país europeu: segundo dados do Instituto Kiel para a Economia Mundial (IfW), o total repassado ficou na casa dos 119 bilhões de dólares.
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