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Trump e Biden se enfrentam em debate de alta tensão nos EUA

Republicano teme se tornar o primeiro presidente em 25 anos a não conseguir um segundo mandato

Fotos: JIM WATSON, Brendan Smialowski / AFP Fotos: JIM WATSON, Brendan Smialowski / AFP
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Após meses de trocas de acusações, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e seu rival democrata na disputa pela Casa Branca, Joe Biden, enfrentam-se nesta terça-feira 29 no primeiro debate de uma campanha que ocorre sob alta tensão.

A 35 dias das eleições nos Estados Unidos, milhões de pessoas assistirão ao confronto verbal entre o presidente republicano, de 74 anos, e o ex-vice-presidente democrata, de 77.

Embora o impacto nas eleições seja limitado, esses encontros marcam o ritmo da campanha desde o primeiro encontro televisionado entre John F. Kennedy e Richard Nixon, há 60 anos.

“Estou ansioso pelo debate”, disse o presidente às vésperas do encontro que acontece em Cleveland, Ohio, um dos estados considerados “pendulares” – ou seja, mudam sua preferência (republicano, ou democrata) de uma eleição para outra. Em 2016, a vitória foi de Trump.

Biden lidera as pesquisas no estado, assim como a média nacional, conforme elaborado pelo site RealClearPolitics, que lhe confere uma vantagem de 49,7% contra os 42,9% do presidente.

O embate de uma hora e meia terá início às 21h locais (22h em Brasília) e será moderado pelo jornalista do canal conservador Fox News, Chris Wallace. Devido à pandemia, o tradicional aperto de mãos inicial foi suspenso.

Com as eleições se aproximando, Trump teme se tornar o primeiro presidente em 25 anos a não conseguir um segundo mandato, repetindo o feito de seu colega republicano George H. W. Bush, derrotado por Bill Clinton em 1992.

A pandemia, que deixou mais de 204.762 mortos no país, a nomeação de uma juíza conservadora para a Suprema Corte, o debate sobre o racismo, o equilíbrio da carreira dos dois candidatos e as dúvidas plantadas por Trump sobre a integridade do eleições são alguns dos temas em jogo.

Perdas crônicas

E o acréscimo de última hora: revelações do jornal “The New York Times” apontam que Trump pagou apenas US$ 750 em impostos federais em 2016, ano em que ganhou a presidência.

A notícia exclusiva do jornal caiu como uma bomba na véspera do debate.

A matéria indica ainda que as empresas de Trump sofrem “perdas crônicas”, o que pode minar sua imagem como um poderoso empresário.

Trump também perdeu seu principal trunfo político nos últimos meses: uma gestão da economia que levou o desemprego ao nível mais baixo em décadas, atingindo 3,5% em fevereiro, mas foi pulverizado pela pandemia que destruiu milhões de empregos.

A gestão da emergência sanitária também não lhe é favorável, mas Trump – que foi um apresentador de televisão popular antes de entrar na política – consegue ultrapassar obstáculos com os mesmos artifícios usados para ganhar a eleição em 2016: de surpresa em surpresa e quebrando códigos estabelecidos.

Do lado de Biden, os democratas apostam que a experiência do veterano ex-senador lhe dará a vitória em sua terceira tentativa de chegar à Casa Branca.

“Calmo, firme, forte, resiliente”, diz sua esposa, Jill Biden.

Obstáculos no registro de eleitores

Nessas eleições, há um número recorde de latinos qualificados para votar, cerca de 32 milhões, o que representa 13,3% do total. A expectativa da diretora de Participação Cívica do Fundo Educacional NALEO, Juliana Cabrales, é, porém, que menos da metade votará.

“A pandemia está criando obstáculos para o recenseamento eleitoral”, disse Cabrales à AFP, explicando que os registros muitas vezes aconteciam em reuniões e eventos, afetados pelas restrições.

Entre os latinos, a vantagem de Biden é clara, com 65% de apoio, contra 36% do presidente republicano.

Já na Flórida, um estado importante com 29 votos eleitorais, a liderança do ex-vice-presidente é estreita: 48,7% contra 47,4% de Trump, de acordo com o RealClearPolitics.

E, entre os latinos da Flórida, é Trump quem leva vantagem com 50% contra 46% de Biden, devido ao forte apoio dos cubanos, que celebram o discurso anticomunista do presidente, revelou uma pesquisa da rede NBC News.

Os outros dois debates presidenciais estão programados para 15 e 22 de outubro em Miami, Flórida, e em Nashville, Tennessee, respectivamente.

O vice-presidente Mike Pence se encontrará com a companheira de chapa de Biden, a senadora Kamala Harris, em 7 de outubro, em Salt Lake City, Utah.

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