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Trump autoriza ação secreta na Venezuela em plano para derrubar Maduro, diz ‘NY Times’
A tensão na América Latina cresce com a mobilização militar norte-americana e os ataques a embarcações


O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, autorizou a Agência Central de Inteligência, a CIA, a executar ações secretas na Venezuela, informou nesta quarta-feira 15 o jornal The New York Times. A se confirmar, será o movimento mais explosivo da Casa Branca para derrubar Nicolás Maduro do poder.
O veículo afirma que diversas autoridades norte-americanas confirmaram o documento confidencial, sob condição de anonimato. Segundo o NYT, a autorização permitiria que a CIA deflagrasse operações letais na Venezuela e conduzisse diversas ações no Caribe.
Ainda não se sabe, de acordo com o jornal, se a CIA já planeja uma operação na Venezuela ou se ainda se trata de uma contingência. A estratégia de Trump para Caracas, acrescenta a publicação, foi elaborada pelo secretário de Estado, Marco Rubio, com a ajuda do diretor da CIA, John Ratcliffe, com o objetivo de destituir Maduro.
Pouco depois de a notícia vir à tona, Trump foi questionado, em uma coletiva de imprensa, se a CIA de fato tem aval para retirar Maduro da Presidência. Ele não respondeu diretamente, mas disse que a Venezuela “está sentindo a pressão, como outros países”.
“É ridículo me fazer essa pergunta. Na verdade, não é uma pergunta ridícula, mas não seria ridículo se eu a respondesse?”, completou.
Antes mesmo de o jornal publicar a notícia, a tensão na América Latina crescia devido à ofensiva de Trump contra a Venezuela. Na terça-feira 14, o Exército norte-americano lançou um novo ataque contra uma suposta embarcação ligada ao tráfico de drogas em frente à costa venezuelana, no qual seis pessoas morreram.
Foi o quinto ataque do Exército dos Estados Unidos contra embarcações próximas à costa venezuelana, no Mar do Caribe, onde Washington também mobilizou navios militares e um submarino. Com a nova incursão, o número de mortos subiu para 27.
Na entrevista coletiva, Trump também declarou que considera atacar em terra cartéis da Venezuela. “Já temos bem sob controle o mar”, declarou no Salão Oval.
A ofensiva já resultou em críticas de outros gigantes do xadrez geopolítico. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China Lin Jian afirmou que Pequim “se opõe à ameaça ou ao uso da força nas relações internacionais e à interferência externa nos assuntos internos da Venezuela, sob qualquer pretexto”.
De acordo com Jian, a China endossa o combate a crimes transfronteiriços por meio de cooperação internacional. Reforçou, porém, sua oposição às ações “excessivas” dos Estados Unidos contra outros países e pediu que Washington se engaje na cooperação com estruturas multilaterais.
A Casa Branca não reconhece Maduro como presidente — sob a alegação de fraude em sua reeleição em 2024 — e oferece uma recompensa de 50 milhões de dólares por sua captura.
Nesta quarta-feira, Maduro determinou exercícios militares nas maiores comunidades do país, em resposta ao envio de navios dos Estados Unidos ao Caribe. “Vamos ativar toda a força militar de defesa integral, popular, militar e policial, ativadas e unidas”, disse o chavista em uma gravação de áudio no Telegram.
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