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Trump aumenta tarifas para produtos da China; Pequim reage e anuncia taxas a produtos agrícolas dos EUA

Guerra comercial também afeta Canadá e México, que terão taxas de 25% nos EUA a partir desta terça-feira

Trump aumenta tarifas para produtos da China; Pequim reage e anuncia taxas a produtos agrícolas dos EUA
Trump aumenta tarifas para produtos da China; Pequim reage e anuncia taxas a produtos agrícolas dos EUA
Guerra comercial entre Trump e Xi Jinping se acirra com anúncio de novas tarifas em março. Fotos: ROBERTO SCHMIDT / AFP e Pedro PARDO / AFP
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Em novo passo no acirramento da guerra comercial, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aumentou para 20% as tarifas a produtos da China. A decisão foi tomada na segunda-feira 3 e passa a valer a partir desta terça-feira 4. Nessa mesma data, as tarifas para Canadá e México também entram em vigor.

Para a China, começa a valer uma tarifa adicional de 10% sobre as importações, que se somam aos 10% que entraram em vigor no começo de fevereiro.

A Casa Branca justificou a ação como uma forma de combater a venda de drogas nos EUA. O país diz que a China tem se mostrado incapaz de “combater a avalanche de fentanil”, um opioide sintético que mata milhares de pessoas de overdose por ano nos Estados Unidos. A acusação é de que o gigante asiático facilitaria essa cadeia produtiva e comercial.

A China respondeu quase imediatamente, anunciando que vai impor tarifas adicionais de 10 e 15% sobre diversos alimentos dos Estados Unidos, como soja, trigo e frango.

“Se os Estados Unidos (…) persistirem em intensificar uma guerra tarifária, uma guerra comercial ou qualquer outro tipo de guerra, a parte chinesa lutará até o fim”, disse Lin Jian, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores.

México e Canadá

Segundo o próprio político republicano, não há mais margem para que as taxas dos dois países vizinhos sejam atrasadas. A ideia era ter iniciado a cobrança das novas tarifas no mês passado. A iniciativa, porém, foi adiada após negociação. Trump, porém, diz que não vê mais espaço para impedir que a política alfandegaria entre em vigor.

Para Canadá e México, as taxas são de 25% e vão afetar mais de US$ 918 bilhões em importações americanas de ambos os países.

Novamente, no centro do anúncio está o fentanil. O presidente norte-americano também acusa seus vizinhos Canadá e México de não impedirem a circulação de fentanil, além de não fazerem o suficiente para deter as travessias irregulares de imigrantes.

Após esses anúncios, Wall Street fechou com forte queda, de 1,48% no Dow Jones e de 2,64% no índice Nasdaq.

A presidente do México, Claudia Sheinbaum, disse que seu país está preparado. “Qualquer que seja a decisão, temos um plano”, afirmou.

‘Ameaça existencial’

Para o Canadá, as tarifas aduaneiras são uma “ameaça existencial”, nas palavras da chanceler Mélanie Joly. “Milhares de empregos estão em jogo”, advertiu.

O governo canadense garante que menos de 1% do fentanil e dos imigrantes que entram irregularmente nos Estados Unidos o fazem através de sua fronteira, mas ainda assim vem tentando agradar Trump, com um plano para melhorar a segurança fronteiriça e a indicação de um nome forte para coordenar a luta contra o fentanil.

Provavelmente, as tarifas aduaneiras terão implicações nas cadeias de suprimento de setores-chave como o automotivo e a construção.

‘Produtos agrícolas’

A série de anúncios de tarifas não parou por aí. Nesta segunda-feira 3, Trump disse que pretende taxar os “produtos agrícolas” que entram nos Estados Unidos a partir de 2 de abril.

Os consumidores poderiam sentir o efeito nos preços, complicando, desta forma, as promessas de campanha de Trump de reduzir a inflação. A indústria já começa a notar os efeitos.

Até o momento, as tarifas impactam, sobretudo, fabricantes dos setores químico, de transporte, máquinas, eletrodomésticos e alimentício.

O Conselho Empresarial Estados Unidos-China, um grupo de cerca de 270 empresas americanas que fazem negócios na China, alertou que as tarifas “vão prejudicar empresas, consumidores e agricultores americanos”, além da “competitividade”.

(Com informações de AFP)

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