O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que se reunirá com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, em 15 de agosto, no Alasca, como parte de seus esforços de mediação para pôr fim à guerra na Ucrânia, que, segundo ele, incluirá uma “troca de territórios”.
A ofensiva em grande escala da Rússia contra a Ucrânia, lançada em fevereiro de 2022, já deixou dezenas de milhares de mortos e grandes destruições. Após mais de três anos de combates, as posições de Kiev e Moscou parecem irreconciliáveis até o momento.
“A muito aguardada reunião” acontecerá no próximo dia 15, no Alasca, anunciou Trump nesta sexta-feira 8, na plataforma Truth Social. Em vez de um território neutro, o encontro ocorrerá no vasto estado do extremo noroeste do continente americano. Esse território foi cedido pela Rússia aos Estados Unidos no século XIX.
O Kremlin considerou a decisão “bastante lógica” e informou ter convidado Trump à Rússia para “a próxima reunião”. “Rússia e Estados Unidos são vizinhos próximos (…) Parece bastante lógico que nossa delegação simplesmente cruze o Estreito de Bering”, disse o assessor da Presidência russa Yuri Ushakov.
Trump, que prometeu em diversas ocasiões acabar com a guerra na Ucrânia, falou várias vezes por telefone com o presidente russo nos últimos meses, mas não se reuniu com ele desde que retornou à Casa Branca em janeiro.
Será, portanto, o primeiro encontro presencial entre ambos desde junho de 2019, durante o primeiro mandato do republicano (2017-2021).
“Troca de territórios”
“Haverá alguma troca de territórios para benefício de ambos” em caso de um futuro acordo entre Rússia e Ucrânia, disse Trump a jornalistas na Casa Branca pouco antes, durante uma cúpula com os líderes da Armênia e do Azerbaijão.
Ele não deu detalhes. “Falamos de um território onde os combates já duram mais de três anos e meio (…) é complicado, não é nada fácil, mas vamos recuperar parte dele”, afirmou.
Moscou exige que a Ucrânia ceda quatro oblasts (regiões administrativas) parcialmente ocupados (Donetsk, Lugansk, Zaporizhzhia e Kherson), além da Crimeia, anexada em 2014, e que renuncie ao recebimento de armas ocidentais e a qualquer adesão à Otan.
Essas exigências são inaceitáveis para Kiev, que pede a retirada das tropas russas de seu território e garantias de segurança ocidentais. Isso incluiria mais fornecimento de armas e o envio de um contingente europeu, ao que a Rússia se opõe.
A Ucrânia também solicita, em coordenação com seus aliados europeus, um cessar-fogo de 30 dias, que Moscou rejeita.
Putin conversou por telefone nesta sexta-feira com o presidente chinês, Xi Jinping, e o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi.
Essas chamadas ocorreram no dia em que expirava o ultimato dado à Rússia na semana passada por Trump, para avançar nas negociações com a Ucrânia, sob a ameaça de novas sanções dos Estados Unidos.
O último ciclo de negociações diretas entre os dois beligerantes, em Istambul, em julho, resultou apenas na troca de prisioneiros e restos mortais de soldados.
Em uma tentativa de avançar nas negociações, o enviado americano Steve Witkoff foi recebido no Kremlin por Putin.
Isso representou uma aceleração diplomática que culminou na quinta-feira com o anúncio da Rússia de um “acordo de princípio” para uma reunião entre os mandatários dos Estados Unidos e da Rússia.
Não há “soluções simples”
“A China se alegra em ver que Rússia e Estados Unidos mantêm contato, melhoram suas relações e promovem uma solução política para a crise ucraniana”, declarou Xi Jinping ao seu homólogo russo, segundo a agência oficial de notícias Xinhua.
O presidente chinês “ressaltou que assuntos complexos não têm soluções simples” e acrescentou que “a China sempre apoiará (…) a paz e a promoção das negociações”, detalhou a televisão pública CCTV.
Por sua vez, o premiê indiano, Narendra Modi, declarou que manteve uma “boa” conversa com seu “amigo” Putin.
Washington ameaçou impor tarifas colossais a países que comercializem com a Rússia, como Índia e China.
Mas, questionado na quinta-feira se manteria ou não seu ultimato à Rússia, Trump respondeu: “Isso dependerá de Putin, vamos ver o que ele diz”.
Enquanto isso, o Exército russo continua seus bombardeios na Ucrânia e os ataques na linha de frente, onde seus soldados são mais numerosos e estão melhor equipados.