Mundo

Tribunal Constitucional de Portugal bloqueia lei que endurece acesso à nacionalidade

O texto será devolvido ao Parlamento, que deverá modificá-lo antes de um novo voto

Tribunal Constitucional de Portugal bloqueia lei que endurece acesso à nacionalidade
Tribunal Constitucional de Portugal bloqueia lei que endurece acesso à nacionalidade
O primeiro-ministro de Portugal, Luis Montenegro, se uniu ao Chega, partido de extrema-direita, para aprovar regras mais duras para imigrantes no país. Foto: PATRICIA DE MELO MOREIRA / AFP
Apoie Siga-nos no

O Tribunal Constitucional (TC) de Portugal decidiu nesta segunda-feira 15 que vários artigos de uma lei sobre o acesso à nacionalidade, aprovada pela coalizão governamental e pela extrema-direita, não respeitam a Constituição do país. O texto, que visava endurecer os critérios para concessão da nacionalidade portuguesa, será devolvido ao Parlamento, que deverá modificá-lo antes de um novo voto.

O Tribunal Constitucional declarou inconstitucionais quatro normas da Lei da Nacionalidade — três delas por unanimidade e a quarta com apenas um voto contrário. Entre os artigos rejeitados está o que previa a perda da nacionalidade em caso de condenação por crimes graves nos 10 anos posteriores à aquisição do passaporte português. Segundo a decisão, apresentada após recurso da oposição socialista no mês passado, esse aspecto da lei “viola o princípio de igualdade consagrado no artigo 13.º da Constituição”.

Aprovada no fim de outubro, a reforma endurecia o acesso à cidadania portuguesa, ampliando prazos de residência e reforçando critérios de integração, como o domínio da língua. O texto também previa revogar um dispositivo de reparação histórica para descendentes de judeus sefarditas expulsos de Portugal na Idade Média, que desde 2015 podiam solicitar a nacionalidade portuguesa. O Tribunal Constitucional também pediu ao governo que revisse pontos relacionados ao direito de reagrupamento familiar de imigrantes.

Influência da extrema-direita

Sob o governo socialista anterior (2015-2024), Portugal tinha uma das políticas migratórias mais abertas da Europa. O número de estrangeiros residentes no país dobrou em três anos, ultrapassando 1,5 milhão no fim de 2024 — cerca de 15% da população total.

Mas o governo do primeiro-ministro Luís Montenegro, reeleito nas legislativas de maio, já havia obtido apoio da extrema-direita, que hoje representa a principal força de oposição, para endurecer a política migratória portuguesa.

(com agências)

ENTENDA MAIS SOBRE: ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.

O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.

Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.

Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo