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Trégua nos combates começa na Faixa de Gaza; 13 reféns devem ser libertados nesta sexta-feira

Os primeiros 13 sequestrados deixarão Gaza hoje às quatro da tarde no horário local de Israel (11h da manhã em Brasília)

Inicia trégua humanitária na Faixa de Gaza MAHMUD HAMS / AFP
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O primeiro dia de trégua começou hoje às 7h da manhã – horário local (2h da manhã em Brasília). O cessar-fogo, no entanto, já foi violado por duas barragens de foguetes do Hamas contra o Sul de Israel – uma 15 minutos depois do começo da trégua e outra, uma hora e meia depois. Ninguém ficou ferido, mas a ação pode colocar em risco todo o acordo.

Israel pediu aos moradores do norte de Gaza, que foi praticamente evacuado após a incursão terrestre de Israel, que não voltem à região devido à trégua, mas há alguma movimentação neste sentido, o que também pode ser um empecilho para o acordo.

Se continuar em vigor, a trégua também incluirá a permissão da entrada de mais combustível na Faixa de Gaza e o comprometimento de Israel de libertar três presos palestinos para cada refém libertado. Israel só aceitou liberar só menores de idade e mulheres que, apesar do envolvimento com o terrorismo, não tenham matado israelenses.

Se tudo der certo, o total de reféns que o Hamas se comprometeu a libertar será de cerca de 50, escalonados em quatro dias. Ou seja, algo em torno de 12 ou 13 sequestrados por dia pelos próximos quatro dias. Isso significa que 150 presos palestinos seriam soltos de prisões em Israel, em troca.

A cada grupo de reféns libertados, Israel manterá 24 horas de trégua. Ou seja, seriam quatro dias de cessar-fogo. Mas há a opção de que a trégua seja mantida por mais alguns dias, dependendo da capacidade ou vontade do Hamas de libertar mais sequestrados. A cada grupo de 10 reféns soltos do cativeiro, haverá mais um dia de trégua e a libertação de outros 30 presos palestinos.

Da lista dos reféns israelenses não constarão estrangeiros. Dos 237 reféns do Hamas em Gaza, 194 são israelenses ou com dupla nacionalidade – entre eles judeus e árabes. Quatro mulheres com nacionalidades britânica e americana já foram libertadas. Uma 5ª mulher, uma soldada israelense de 19 anos, foi resgatada por tropas com vida. Outra, no entanto, foi encontrada morta dentro do hospital Al Shifaa, na Cidade de Gaza. Outros 43 são estrangeiros, em geral, trabalhadores agrícolas empregados nos vilarejos da fronteira.

O Hamas cometeu, em 7 de outubro, o maior ataque terrorista contra Israel desde a fundação do país, há 75 anos, matando mais de 1.200 pessoas – incluindo 304 estrangeiros ou com dupla nacionalidade – e sequestrando mais de 240 israelenses e estrangeiros, a grande maioria civis, incluindo 39 crianças com menos de 18 anos e 25 idosos com mais de 80.

Em reação, Israel declarou guerra ao Hamas em Gaza. Segundo o Ministério da Saúde local – controlado pelo Hamas –, cerca de 14 mil pessoas morreram. Os números não diferenciam entre civis e combatentes e nem podem ser verificados independentemente. O exército israelense informou que, até o momento, 68 soldados morreram na incursão terrestre.

Israel exige reféns vivos
Mas a negociação para a libertação desses estrangeiros está sendo feita diretamente entre seus governos e o Hamas. Nesta quinta-feira (23), um jornal do Catar, por exemplo, publicou que o Hamas deve libertar, a pedido do Irã e sem receber nada em troca, os 23 trabalhadores tailandeses mantidos em cativeiro.

Israel também exigiu que entre os 50 libertos, só estejam reféns vivos, não cadáveres. Por seu lado, o Hamas exigiu que nas listas dos próximos quatro dias não fossem incluídos soldados.O objetivo do Hamas é trocar as dezenas de soldados israelenses que sequestrou por todos os cerca de 6 mil presos palestinos em cadeias de Israel, incluindo os julgados e condenados por atos terroristas que mataram milhares de israelenses.

O acordo de troca de prisioneiros pode, no entanto, não sair do papel ou apenas sair parcialmente. O acordo entre Israel e Hamas havia sido anunciado, na verdade, na quarta-feira e seria, a princípio, realizado já a partir de ontem. Mas, após o próprio primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, anunciar tudo, houve algum tipo de empecilho não esclarecido que levou a um adiamento de 24 horas.

Mas ontem, o governo do Catar anunciou que a troca de prisioneiros irá começar hoje e que os nomes dos primeiros reféns a saírem do cativeiro já haviam sido entregues a Israel. Entretanto, nada é certo. É por isso que o presidente dos EUA, Joe Biden, se recusou ontem a dar detalhes sobre a libertação de reféns “até que ela seja concluída”.

Pode haver algum tipo de obstáculo técnico ou alguma hostilidade surpresa. O Hamas prometeu aumentar o ritmo dos ataques aéreos contra Israel – que já contabilizam mais de 10.500 mil desde 7 de outubro – até o cessar-fogo entrar em vigor. Essa é uma prática comum. E, como se viu, o grupo já violou a trégua depois que ela entrou em vigor.

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