Mundo
Trabalhadores da saúde pública protestam na Argentina contra cortes de Milei
O governo ultraliberal tem promovido demissões, cortes de insumos médicos e o desfinanciamento de programas de atendimento à saúde


Médicos, enfermeiros e pacientes foram às ruas de Buenos Aires, nesta quinta-feira 27, “em defesa da saúde pública”, protestando contra o governo de Javier Milei por demissões, cortes de insumos médicos e o desfinanciamento de programas de atendimento à saúde.
“Convocamos esta marcha federal em defesa da saúde pública e pela vida […] contra as demissões e o esvaziamento do sistema público de saúde”, diz o documento conjunto que foi lido do palco diante de centenas de manifestantes.
Batas brancas e cartazes com inscrições como “Milei estelionatário” e “esvaziar é fechar” estiveram na mobilização, que contou com dezenas de organizações de saúde, sindicatos de médicos e enfermeiros, associações de pacientes e organizações de direitos humanos.
O documento denuncia “a falta de entrega de medicamentos oncológicos”, assim como a dissolução de coordenações para prevenção de doenças como a tuberculose ou as hepatites virais.
“São milhares de pessoas de diferentes programas de saúde que, durante todo o ano de 2024, tiveram os recursos para cuidar da sua saúde retidos”, afirma o comunicado, que também denuncia “a eliminação do programa de prevenção da gravidez na adolescência”.
Como parte de seu plano “motosserra”, Milei cortou 27% do gasto estatal e demitiu mais de 30 mil funcionários públicos no ano passado, o primeiro de seu governo.
Na quarta-feira, o ministro da Saúde, Mario Lugones, defendeu sua gestão com uma publicação no X, na qual disse que busca “reordenar um sistema que estava em decadência”.
Lugones criticou “aqueles que se opõem às mudanças”, afirmando que “mentem e fazem política com a saúde dos argentinos”.
No início de fevereiro, Milei anunciou que a Argentina se retiraria da Organização Mundial da Saúde (OMS) por “diferenças profundas sobre a gestão da saúde” durante a pandemia, que qualificou como “nefasta”.
Para Laura Cano, médica de terapia intensiva e deputada provincial da Frente de Esquerda, a decisão de sair da OMS é “terraplanismo sanitário”.
“É uma das muitas medidas que não tem nenhum tipo de sustentação científica, embora tenhamos críticas à OMS, é muito importante que a Argentina tenha uma coordenação internacional”, declarou ela à AFP ao fim da manifestação.
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