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TPI pede ‘perseverança’ para investigar supostos crimes na Ucrânia

O Tribunal Penal Internacional iniciou uma investigação sobre possíveis crimes de guerra e crimes contra a humanidade cometidos desde que a Rússia lançou sua invasão à Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022

TPI pede ‘perseverança’ para investigar supostos crimes na Ucrânia
TPI pede ‘perseverança’ para investigar supostos crimes na Ucrânia
Os presidentes da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, e da Rússia, Vladimir Putin. Foto: Ludovic Marin e Grigory Sysoyev/AFP
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O Tribunal Penal Internacional (TPI) pediu nesta segunda-feira 20 o apoio e a “perseverança” da comunidade internacional para ajudá-lo a investigar os supostos crimes de guerra cometidos na Ucrânia, três dias depois de emitir um mandado de prisão contra o presidente russo, Vladimir Putin.

“Precisamos coletivamente de perseverança para alcançar a justiça”, defendeu o promotor do TPI Karim Khan, abrindo uma conferência internacional de um dia em Londres, organizada conjuntamente pelo Reino Unido e Holanda, com a participação de ministros da Justiça e representantes de mais de 40 Estados.

O tribunal, com sede na cidade holandesa de Haia, iniciou uma investigação sobre possíveis crimes de guerra e crimes contra a humanidade cometidos desde que a Rússia lançou sua invasão à Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022.

Na última sexta-feira, emitiu um mandado de prisão contra o presidente russo, Vladimir Putin, e a comissária russa para os direitos das crianças, Maria Lvova-Belova, pelo crime de guerra de “deportação ilegal” de crianças ucranianas.

Khan qualificou esta decisão como “triste e sombria”, dirigida pela primeira vez na sua história ao líder de um dos cinco países-membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU.

Em retaliação a esta decisão, que afirmou ser “nula”, a Rússia anunciou nesta segunda-feira a abertura de uma “investigação criminal” contra Khan e três juízes do TPI.

“Se o ruído é inevitável, devemos nos concentrar no que realmente está acontecendo e na necessidade de uma investigação independente e imparcial”, insistiu o promotor, agradecendo o apoio dos países presentes.

O ministro da Justiça britânico, Dominic Raab, afirmou que “hoje 42 nações (…) estão unidas pela mesma causa, que é responsabilizar a Rússia” por suas ações na Ucrânia.

“Eu só quero pedir a vocês que apoiem o TPI com todos os recursos necessários”, implorou o ministro da Justiça ucraniano, Denis Maliuska, a seus colegas.

“Não hesitaremos em agir”

“A Ucrânia é um cenário criminoso e parece que toda uma série de crimes foi cometida lá. Estamos recebendo informações. Estamos realizando investigações independentes, acho que de forma estruturada e eficaz”, disse Khan à BBC antes do início da conferência.

Mas “não podemos fazer tudo de uma vez” porque “não temos recursos ilimitados”, acrescentou. “Temos regras a seguir em termos de julgamento criminal”, sublinhou. “Se evidências confiáveis forem encontradas e coletadas e não houver provas ilibatórias que mitiguem ou reduzam a responsabilidade criminal, não hesitaremos em agir”, disse ele.

Para realizar suas investigações, o TPI precisa de recursos financeiros e técnicos e, em dezembro, Khan pediu à comunidade internacional que aumente seu apoio à instituição.

Vários países devem anunciar recursos adicionais nesta segunda-feira para apoiar sua investigação sobre supostos crimes de guerra na Ucrânia.

Londres prometeu quase 400.000 libras (US$ 488.000, R$ 2,5 milhões) de financiamento adicional, elevando seu apoio total para 1 milhão de libras (US$ 1,22 milhão, R$ 6,4 milhões) desde o ano passado, para financiar apoio psicológico a testemunhas e vítimas de crimes e fortalecer a presença de especialistas britânicos no TPI.

A União Europeia “já disponibilizou mais de 10 milhões de euros” ao TPI desde o início da invasão russa e “posso garantir que a União Europeia está disposta a continuar” o seu apoio ao tribunal, disse o comissário para a Justiça da União Europeia, Didier Reynders.

Ele também lembrou a disposição da UE de alterar o Tratado de Roma, que criou o TPI, para permitir que o tribunal julgue “crimes de agressão” cometidos pela Rússia.

O TPI tem jurisdição sobre crimes de guerra e crimes contra a humanidade cometidos na Ucrânia e não sobre os “crimes de agressão” da Rússia, já que Moscou e Kiev não são signatários do tratado.

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