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Termina nesta sexta o prazo para o governo Trump publicar documentos do caso Epstein
O Congresso dos EUA aprovou uma lei de transparência sobre o caso; oposição não descarta que os arquivos possam ter sido manipulados antes da publicação
Donald Trump fez campanha em 2024 com a promessa de divulgar os arquivos de Epstein, mas, uma vez na Casa Branca, pediu a seus apoiadores que deixassem esse capítulo para trás. Até esta sexta-feira 19, quando, pressionado pelo Congresso, ele finalmente se prepara para divulgá-lo.
Após resistir à medida até o prazo final estipulado por lei, espera-se que o governo do presidente republicano divulgue ao longo do dia os documentos que possui sobre o caso, que abalou os Estados Unidos por muitos anos.
“Esperamos que o governo cumpra”, declarou Hakeem Jeffries, líder da minoria democrata na Câmara dos Representantes, que alertou que, caso contrário, haverá “uma forte reação” também por parte dos republicanos.
Para o público e as vítimas, a divulgação de todo o dossiê representa a melhor oportunidade para esclarecer o escândalo.
Epstein, um financista nova-iorquino condenado em 2008 por aliciar menores para prostituição, foi encontrado enforcado na prisão em 2019, antes do início de outro julgamento por crimes sexuais. Sua morte alimentou inúmeras teorias da conspiração de que ele teria sido assassinado para proteger figuras proeminentes.
Trump, que retornou ao poder em janeiro, surpreendeu seus apoiadores ao instá-los a esquecer o assunto, que ele chamou de “farsa” exagerada pela oposição democrata.
No entanto, o presidente dos EUA não conseguiu impedir o Congresso de aprovar a Lei de Transparência dos Arquivos Epstein e teve que sancioná-la em 19 de novembro.
A norma concede um prazo de 30 dias para o seu cumprimento, que expira nesta sexta-feira.
‘Amigos democratas de Epstein’
A lei exige que o Departamento da Justiça divulgue todos os documentos não classificados em sua posse referentes a Epstein, sua cúmplice Ghislaine Maxwell, que cumpre pena de 20 anos de prisão, e todos os indivíduos envolvidos nos processos judiciais.
Em julho, o Departamento da Justiça e o FBI anunciaram em um memorando que não haviam descoberto nenhuma nova evidência que justificasse a divulgação de documentos adicionais ou novas acusações criminais. O anúncio irritou o movimento MAGA, de Trump.
Os documentos esperados poderiam constranger diversas figuras que gravitavam em torno do financista, principalmente nos mundos dos negócios, da política e do entretenimento. Isso inclui Trump, que foi próximo de Jeffrey Epstein por muito tempo até seu distanciamento na década de 2000.
O magnata, na época também uma figura proeminente na alta sociedade nova-iorquina, sempre negou ter conhecimento do comportamento criminoso de Epstein e afirma que se distanciou dele muito antes do início da investigação.
Na semana passada, congressistas da oposição divulgaram uma nova série de fotos que mostram Epstein na companhia do ex-presidente democrata Bill Clinton, de empresários de sucesso como Bill Gates e Richard Branson, e do cineasta Woody Allen. Trump também aparece, acompanhado por mulheres com os rostos cobertos.
“É hora de o Departamento da Justiça tornar o dossiê público”, enfatizaram esses congressistas na quinta-feira.
A Casa Branca afirmou na semana passada que “o governo Trump fez mais pelas vítimas de Epstein do que os democratas jamais fizeram, ao divulgar milhares de páginas de documentos e pedir novas investigações sobre os amigos democratas de Epstein”.
A oposição, por sua vez, teme uma possível manipulação dos arquivos antes de sua divulgação.
Dois senadores democratas pediram, em uma carta aberta ao inspetor-geral do Departamento da Justiça, uma “auditoria independente” para garantir que nada tenha sido “manipulado ou ocultado”.
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