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Tensões entre Rússia e Ucrânia sobem; França e Alemanha pedem ‘desescalada imediata’

‘Nós estávamos satisfeitos do cessar-fogo, que funcionou até dezembro. Mas algo mudou em Moscou’, declarou ministro ucraniano

Ucrânia combate separatistas pró-russos desde 2014 na região de Dombas. (Foto: Anatolii STEPANOV/AFP)
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Alemanha e França, mediadoras nas tensões entre Rússia e Ucrânia, fizeram um apelo “à moderação” e à “desescalada imediata” entre os dois países neste sábado 3 e disseram estar “preocupados com o número crescente de violações do cessar-fogo” nas últimas semanas.

Berlim e Paris salientam que acompanham “com uma grande vigilância a situação, em particular os movimentos de forças russas”.

Em um comunicado conjunto, os diplomatas dos dois países reafirmaram “apoio à soberania e à integridade territorial da Ucrânia” e frisaram que a “situação no leste da Ucrânia estava estabilizada desde julho de 2020”.

Nos últimos dias, autoridades ucranianas e americanas manifestaram preocupação com a mobilização de milhares de soldados e de material russo em direção a diversos pontos da fronteira com a Ucrânia.

O presidente americano, Joe Biden, prometeu a Kiev apoio “inabalável” frente à “agressão da Rússia”, considerada um parceiro militar dos separatistas, o que Moscou nega. O exército russo também anunciou nesta sexta-feira manobras militares destinadas a simular uma defesa a um ataque com drones em uma região próxima à Ucrânia.

 

Mortes por atiradores de elite

Após a trégua do segundo semestre de 2020, o conflito no leste da Ucrânia registrou desde janeiro vários confrontos armados que causaram a morte de 21 soldados ucranianos. O correspondente da RFI em Kiev, Stéphane Siohan, indica que a última uma morte ocorreu neste sábado 3, na linha de frente.

Indicativo da alta das animosidades, a grande maioria foi morta com disparos de atiradores de elite. Além disso, até o momento, outros 57 militares ficaram feridos desde o início do ano. Os dois lados se acusam mutuamente pela escalada.

O acesso da imprensa internacional é proibido na região de Dombas, palco do confronto que opõe separatistas ucranianos de origem russa, com o apoio de Moscou, ao governo da Ucrânia.

A guerra no leste da Ucrânia eclodiu em 2014, quando a Rússia anexou a Crimeia. Segundo a ONU, o conflito custou mais de 13.000 vidas. Apesar dos acordos de paz assinados em 2015 em Minsk e de várias reuniões entre os dirigentes russo e ucraniano, apadrinhadas por Alemanha e França, o conflito está estagnado.

Putin testa Biden?

Mobilizações inéditas nas últimas semanas foram registradas nas repúblicas populares de Donetsk e Lugansk, inteiramente controladas pelo Exército russo. Mas o Kremlin acusa Kiev e a Otan de quererem relançar a guerra. Analistas observam que o presidente russo, Vladimir Putin, pode estar buscando testar a capacidade de reação do novo presidente americano.

Durante todo o fim de semana, a imprensa russa relatou informações não verificadas, como a de que um drone ucraniano teria matado uma criança em Donetsk e a sede de um partido pró-russo em Odessa foi atacada.

“Serei muito claro: não quero relançar a guerra. Nós não queremos uma escalada e somos fundamentalmente favoráveis a uma solução política e diplomática para esse conflito”, disse o ministro ucraniano das Relações Exteriores, Dmytro Kuleba. “Nós abrimos fogo apenas se há uma ameaça aos nossos militares em campo e se eles são atacados. Nós estávamos satisfeitos do cessar-fogo, que funcionou até dezembro. Mas algo mudou em Moscou”, ressaltou, avaliando que o conflito vive a situação mais grave desde o fim de 2018.

*Com informações da AFP

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