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Tensão na Venezuela e acordos bilaterais: entenda o que está em jogo na visita de Lula ao Chile
Presidente brasileiro chega a Santiago na noite de domingo; agenda tem encontro com Boric e evento com empresários


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o mandatário chileno Gabriel Boric vão se encontrar no início da próxima semana, no Chile.
O encontro acontece em um momento importante para as relações diplomáticas da região, uma vez que o resultado da eleição na Venezuela dividiu países mais ou menos próximos a Nicolás Maduro.
O governo Boric, por exemplo, não reconheceu o resultado do pleito e viu seu embaixador em Caracas ser expulso. Já o Brasil, até o momento, adota uma postura mais cautelosa, embora tenha cobrado de Maduro a apresentação das atas das mesas de votação.
No caso de Boric, o recado ao governo venezuelano foi dado logo após a divulgação dos resultados. “O regime Maduro deve compreender que os resultados que publica são difíceis de acreditar”, mencionou o chileno.
O governo Maduro reagiu: o chefe da diplomacia venezuelana, Yvan Gil, tratou do tema dizendo que “os filhos de [Simón] Bolívar e de [Hugo] Chávez” não necessitavam do “reconhecimento sem valor” do presidente chileno.
A situação da Venezuela poderá não ser o tema central do encontro entre Lula e Boric, conforme aponta o programa oficial divulgado pelo governo, mas o assunto deverá vir à baila.
Na última quarta-feira 1, por exemplo, a secretária de América Latina e Caribe do Itamaraty, Gisela Padovan, disse que “é mais do que natural que os presidentes falem sobre a região, especialmente, na conversa privada, onde você conversa mais livremente sobre os temas do dia”.
Lula deverá chegar na capital chilena, Santiago, na noite do próximo domingo 4. Na segunda-feira 5, ele deve encontrar Boric no Palácio de La Moneda. A previsão é que Brasil e Chile assinem dezessete acordos bilaterais.
Segundo o governo brasileiro, serão firmados acordos relativos ao fortalecimento das relações de exportação, turismo, certificação de produtos orgânicos e exploração de minerais ligados à transição energética.
Na área social, por sua vez, é possível que Brasil e Chile assinem acordos sobre saúde pública e documentos que versam sobre “política de cuidados, boas práticas para recursos hídricos e o meio ambiente, e direitos humanos das pessoas LGBTQIA+, pessoas idosas e pessoas com deficiência, além de temas como ciência, tecnologia e inovação”. Os itens foram citados em um comunicado do Planalto.
Lula não vai sozinho à capital do Chile. A estadia dele em Santiago vai coincidir com a realização do Fórum Empresarial Chile-Brasil, o que deve levar ao país vizinho ministros e assessores do governo, bem como cerca de duzentos empresários brasileiros.
Em meio aos eventos, é possível que Lula encontre representantes da companhia Latam, que é a principal empresa chilena a atuar no Brasil. Lula também deve ter uma reunião com o secretário-executivo da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), José Manuel Salazar-Xirinachs.
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