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Tanques ocidentais não serão usados na Rússia, assegura chanceler alemão

Os aliados da Ucrânia se comprometeram a entregar tanques pesados e foguetes de maior alcance para Kiev combater Moscou

O primeiro ministro alemão, Olaf Scholz. Créditos: Tobias SCHWARZ / AFP
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O chefe de governo alemão, Olaf Scholz, indicou neste domingo 5 que existe “um consenso” com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, para que as armas fornecidas pelo Ocidente não serão usadas em ataques ao território russo. A declaração ocorre no sentido de evitar uma escalada do conflito.

“Há um consenso sobre este ponto”, declarou. Os aliados da Ucrânia se comprometeram a entregar tanques pesados e foguetes de maior alcance para Kiev combater Moscou.

A Alemanha dará 14 tanques Leopard 2, ao que o presidente russo, Vladimir Putin, reagiu nessa semana afirmando que “os tanques alemães voltam a nos ameaçar”. Ele fazia um paralelo com a guerra contra o nazismo, na ocasião do 80º aniversário da vitória soviética contra os exércitos de Hitler em Stalingrado, na quinta-feira 2.

Em entrevista ao semanário Bild am Sonntag, Scholz declarou que as palavras de Putin “são uma série de comparações históricas absurdas” e que “nada justifica essa guerra” na Ucrânia.

Os foguetes GLSDB (Ground Launched Small Diameter Bomb) poderiam quase dobrar o alcance de ação da força de ataque ucraniana, segundo o Pentágono, que anunciou na sexta-feira 3 que eles seriam incluídos em um novo pacote de ajuda militar americana. Esses mísseis de pequeno diâmetro disparados do solo podem atingir um alvo a 150 quilômetros de distância – portanto, podem ameaçar as posições russas atrás das linhas de frente.

Tanques pesados ​​de design ocidental também foram prometidos para Kiev, que espera receber “entre 120 e 140” de diferentes países.

“Juntamente com nossos aliados, estamos fornecendo tanques de batalha para a Ucrânia para que ela possa se defender. Pesamos cuidadosamente cada entrega de armas, em estreita coordenação com nossos aliados, a começar pelos Estados Unidos. Essa abordagem comum evita uma escalada da guerra”, garante o chanceler alemão, na entrevista.

Durante as trocas telefônicas que manteve com o presidente russo desde o início do conflito, Vladimir Putin “não o ameaçou” pessoalmente, nem ele nem a Alemanha, especificou Scholz, ao ser questionado pelo Bild. O ex-primeiro-ministro britânico Boris Johnson afirmou, em um documentário, que o presidente russo o havia “ameaçado”, ao mencionar o lançamento de um “míssil”. O Kremlin refutou essas alegações.

Situação se complica, admite Zelensky

Neste sábado, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, reconheceu que “a situação está se complicando” no terreno, em que os bombardeios russos se intensificaram. O líder afirmou que o país enfrenta mais um momento em que a Rússia “mobiliza cada vez mais forças para quebrar as defesas” da Ucrânia, principalmente em Bakhmut, Vugledar e Lyman, no leste.

“Durante os 346 dias desta guerra, muitas vezes eu disse que a situação na linha de frente é difícil. E a situação está ficando mais complicada”, disse ele em sua mensagem diária.

“O inimigo está se reagrupando em certas áreas. Está concentrando seus principais esforços na condução de operações ofensivas nas direções de Kupyansk, Lyman, Bakhmout, Avdiivka e Novopavlivka”, alertou o ministério da Defesa ucraniano pouco antes.

Na região de Donetsk, um “maciço” fogo de artilharia atingiu na manhã de sábado Avdiivka, na linha de frente oriental, depois que Kramatorsk, outra cidade muito cobiçada pelos russos, foi atingida durante a noite por foguetes, informaram as autoridades ucranianas. Os ataques também continuaram em Kherson, uma importante cidade do sul tomada e depois abandonada pelos russos.

Aumento da pressão sobre Bakhmut

Os guardas de fronteira ucranianos, por sua vez, garantiram no sábado que repeliram um “ataque dos invasores” e os perseguiram do subúrbio de Bakhmut depois que um reconhecimento aéreo revelou que “o inimigo estava se preparando para atacar” esta cidade no epicentro dos combates na Ucrânia.

Já a cidade portuária de Odessa sofreu grandes cortes de energia no sábado após um incidente técnico em uma usina elétrica, que tem sido constantemente vítima de bombardeios russos nos últimos tempos. “O distrito e a cidade de Odessa foram quase completamente privados de eletricidade. Quase 500 mil pessoas não têm luz”, disse Maksym Marchenko, chefe da administração regional.

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