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Bergoglio acena a ateus, socialistas, teólogos progressistas e sinaliza estar disposto a discutir o celibato sacerdotal

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Após a demissão de Tarcisio Bertone e a enfática campanha contra o ataque dos EUA à Síria, há sinais de que o Vaticano pode voltar a surpreender. O novo secretário de Estado, Pietro Parolin, disse em entrevista ao jornal venezuelano El Universal que o celibato sacerdotal não é um dogma e pode ser discutido. E o próprio papa disse aos ateus para seguirem sua consciência, que o Deus cristão os perdoará. Não são rupturas radicais com tradição, mas é de notar a mudança de ênfase e a falta de ressalvas.

Mas não é só. Ainda em março de 2013, o cardeal Jorge Mario Bergoglio, ao jornalista Chris Mathews da MSNBC, culpava os socialistas por “tirar o incentivo do homem para sustentar sua família” e por “70 anos de miséria” na América Latina, dizia temer a “tirania” dos “regimes socialistas” da Argentina, Equador, Bolívia, Venezuela e Nicarágua e proclamava que “essa gente dominada por socialistas precisa saber que não temos de ser pobres”.

Seis meses depois, o papa Francisco escolhe o 11 de setembro, 40° aniversário do golpe militar no Chile, para receber tanto o socialista chileno José Miguel Insulza, secretário-geral da OEA e correligionário de Allende, quanto o pai da Teologia da Libertação, o frei dominicano Gustavo Gutiérrez. Mais que isso, nos dias anteriores o jornal do Vaticano, L’Osservatore Romano, publicara artigo desse teólogo peruano que descreve os pobres como “preferidos de Deus”. Quem não acredita em milagres deve deduzir que o papa concluiu que suas posições como cardeal se tornaram insustentáveis caso deseje garantir um futuro à Igreja Católica.

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