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Suprema Corte de Israel suspende a decisão governamental de destituir o chefe do Shin Bet

Benjamin Netanyahu alegava que saída de Ronen Bar do comando do serviço de inteligência e segurança interna era justificada por ‘atuação branda’ na defesa dos interesses de Israel

Suprema Corte de Israel suspende a decisão governamental de destituir o chefe do Shin Bet
Suprema Corte de Israel suspende a decisão governamental de destituir o chefe do Shin Bet
Ronen Bar, chefe do Shin Bet, a agência de segurança interna de Israel, cuja demissão foi suspensa pela Suprema Corte. Foto: GIL COHEN-MAGEN / POOL / AFP
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A Suprema Corte de Israel suspendeu, nesta sexta-feira 21, a decisão do governo de destituir o chefe do Shin Bet, Ronen Bar, do cargo para que pudesse analisar os recursos contra sua demissão.

O tribunal planeja realizar várias audiências até 8 de abril para examinar cinco recursos apresentados contra a decisão do Executivo de demitir o chefe do serviço de inteligência e segurança interna, anunciada no dia anterior.

A demissão havia sido formalizada nesta sexta, em votação unânime do gabinete israelense – chefiado pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. Essa foi a primeira vez na história do país que um governo demitiu o líder do serviço doméstico de inteligência, segundo a imprensa israelense.

Ao justificar a demissão, Netanyahu disse que Bar, designado em outubro de 2021 para um período de cinco anos no posto, tinha uma “abordagem branda e não agressiva o suficiente” para os interesses de Israel e ainda insinuou que ele esteve envolvido em vazamentos de informações sigilosas.

A demissão ocorre enquanto o Shin Bet, junto com a polícia israelense, investiga vários assessores de Netanyahu suspeitos de terem recebido vantagens financeiras por parte do governo do Catar.

Bar não compareceu à reunião em que foi votada a sua demissão. Ele optou por enviar uma carta ao gabinete, que depois foi reproduzida pela imprensa israelense. No documento, ele afirma que o processo de sua demissão foi “inapropriado para qualquer funcionário, muito menos para um de alto escalão, muito menos para o chefe do Shin Bet”.

Bar escreveu que, para ele, a argumentação do líder israelense para justificar a demissão esconde “os reais motivos” por trás da decisão, que ele classificou como “profundamente equivocados”.

Ele descreveu ainda sua demissão como sendo motivada pelos “interesses pessoais” de Netanyahu e reagiu à alegação do primeiro-ministro de que ele havia perdido a confiança no líder do Shin Bet. “Não se trata de falta de confiança, mas da percepção de lealdade pessoal em detrimento da lealdade ao público”, escreveu.

Tensão antiga

Designado ao cargo ainda na gestão anterior, as relações de Bar com Netanyahu eram tensas desde antes do ataque do movimento islamista palestino Hamas contra Israel em 7 de outubro de 2023, que desatou a guerra na Faixa de Gaza.

Seu principal foco de diferença era uma proposta de reforma do Poder Judiciário do primeiro-ministro, que polarizou o país.

As relações entre ambos se deterioraram ainda mais depois que o Shin Bet divulgou no dia 4 de março um relatório sobre o ataque do Hamas, no qual reconheceu a incapacidade da agência para impedir a ação do movimento palestino.

O documento também menciona “uma política de silêncio que permitiu ao Hamas ter um fortalecimento militar maciço”.

Protestos contra a demissão de Ronen Bar, chefe do Shin Bet, a agência de segurança interna de Israel, também pedem o fim da guerra.
Foto: JOHN WESSELS / AFP

Protestos e prisões

A polícia israelense fez várias prisões após centenas de manifestantes que se dirigiam à residência oficial do primeiro-ministro israelense entrarem em confronto com policiais.

Relatos da imprensa israelense sugerem que alguns dos manifestantes tentaram romper as barricadas policiais em frente à casa de Netanyahu. Várias pessoas ficaram feridas.

Os manifestantes também expressaram sua decepção com a retomada dos combates em Gaza que rompeu um cessar-fogo de dois meses, principalmente devido às implicações da decisão sobre a perspectiva de mais reféns retornarem do cativeiro.

Muitos dos reféns libertados durante o cessar-fogo de dois meses recorreram às redes sociais para criticar a decisão do governo. Alguns disseram se tratar de uma sentença de morte para os reféns ainda mantidos pelo grupo islamista Hamas.

De acordo com pesquisas de opinião recentes, a maioria dos israelenses gostaria que o governo mantivesse as negociações sobre um acordo de troca de reféns que encerraria a guerra e resultaria em uma retirada completa dos soldados israelenses da Faixa de Gaza.

(Com informações de AFP e DW)

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