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Série de ataques mostra que o inverno é a nova arma da Rússia contra a Ucrânia

De acordo com as forças aéreas ucranianas, os russos atiraram 70 mísseis nesta quarta-feira, deixando pelo menos seis mortos

Série de ataques mostra que o inverno é a nova arma da Rússia contra a Ucrânia
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Foto: Genya SAVILOV / AFP
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A série de ataques da Rússia contra a Ucrânia nesta quarta-feira 23 gerou vários cortes de eletricidade em todo o país. Além da queda de energia, o abastecimento de água foi interrompido em várias cidades, deixando o hospital de Kramatorsk, por exemplo, no escuro e sem água. O estabelecimento recebe os militares feridos que lutam no front de Bakhmut, onde os soldados combatem há meses praticamente sem repouso. Os médicos e enfermeiros do hospital atendem os pacientes com uma lâmpada frontal.

De acordo com as forças aéreas ucranianas, os russos atiraram 70 mísseis nesta quarta-feira, deixando pelo menos seis mortos, principalmente na capital, Kiev. Os ataques também provocaram o desligamento de três usinas nucleares, reconectadas nesta quinta-feira 24.

Para os russos, o inverno se tornou uma arma contra os ucranianos. Essa estratégia fica clara em Bucha, na periferia de Kiev, palco dos bombardeios desde o início da guerra. Os moradores perderam tudo e a desesperança é perceptível. A incerteza aumenta com a chegada do frio e as temperaturas negativas. Alguns habitantes ainda conseguem improvisar um aquecimento dentro de casa, mas, na maior parte dos casos, a população vive em moradias pré-fabricadas, sem luz e água.

Quedas de energia

Os ataques da Rússia contra as infraestruturas energéticas e de aquecimento geram cortes frequentes de correntes em algumas das maiores cidades do país, há várias semanas. Para os ucranianos, a Rússia está tentando “compensar” as perdas no campo de batalha. Alguns moradores acreditam que os russos buscam “desertificar” a Ucrânia, mas insistem que não deixarão o país.

No front, a estratégia russa parece ter mudado: o objetivo não é mais controlar novos territórios, mas manter os que já foram conquistados. As tropas de Moscou não conseguem mais avançar e se retiraram de zonas essenciais no leste e no sul, a exemplo de Kherson, liberada, mas que ainda não está totalmente segura. Vídeos que circulam na internet mostram médicos que ajudam os moradores de Kherson, durante os bombardeios. A cidade se tornou um campo de batalha.

Crime contra a humanidade

O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, disse nesta quarta-feira 23 ao Conselho de Segurança da ONU que os ataques aéreos russos contra a rede elétrica ucraniana são um “notório crime contra a humanidade”.

“Quando temos temperaturas abaixo de zero e dezenas de milhões de pessoas sem abastecimento de energia, sem calefação, sem água, isto é um notório crime contra a humanidade”, disse por vídeo ao Conselho, reunido em uma reunião de emergência em Nova York.

Nove meses depois da invasão russa da Ucrânia, em 24 de fevereiro, o presidente Zelensky denunciou a “fórmula de terror” imposta pelas forças armadas de Moscou. Ele afirmou que a comunidade internacional não podia “ser refém de um (Estado) terrorista internacional”, referindo-se ao poder de veto da Rússia, que bloqueia qualquer resolução contra a ofensiva russa na Ucrânia.

(RFI e AFP)

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